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Ao chegar no endereço Rua 24 de maio, 272, na República, em São Paulo, o visitante já se depara com uma agradável surpresa: o segundo elevador mais antigo da cidade, instalado dentro do prédio Cadete Galvão. E lá, no primeiro andar, revela-se outra surpresa, não menos agradável: o Museu Tattoo Brasil, dedicado à arte corporal e seus precursores.
O local não poderia ser mais propício. Instalado dentro do estúdio de tatuagem Polaco Tattoo, que pertence ao tatuador e colecionador Elcio Sespede, conhecido como Polaco, o lugar transborda história – e da boa.
As visitas, feitas somente com hora marcada, valem cada minuto aos bons ouvintes. O curador Marcio Ribeiro, que entre suas demais atividades é tatuador e artista plástico, recebe os curiosos e explica – e, inclusive, debate – cada detalhe da pequena sala escondida no centrão de São Paulo.
O cantinho histórico, que é pequeno em espaço mas, sem perder a grandeza, é pioneiro no gênero dentro da América Latina e o primeiro a se instalar no Brasil. O outro – e único – museu dedicado a arte corporal do mundo fica em Amsterdã, com quem Marcio sempre entra em contato e troca informações.
Entre livros, fotos, artigos para tatuagem, esculturas, réplicas e máquinas originais, e algumas artes, itens muito curiosos se destacam. Para quem não sabe e nem nunca ouviu falar, o inventor da lâmpada Thomas Edison deu um empurrãozinho de peso aos tatuadores. No museu é possível encontrar uma réplica da patente da caneta elétrica inventada por ele em 1805, um método absorvido nos primórdios da tattoo moderna e utilizado até hoje em locais precários de infraestrutura, como presídios, por exemplo.
Parte do acervo inclui ainda máquinas improvisadas criadas na Rússia com todos os tipos de materiais, como cordas de violão e seringas, ainda em funcionamento, mas não é utilizada por motivos óbvios de higiene e segurança.
Outro item, dos mais valiosos para o Museu e para Polaco, é o Kapala, um crânio tibetano, genuinamente humano, revestido em latão dourado, que fica exposto no topo de uma estante. Ele não foi colocado ali à toa. Segundo Marcio, o enfeite – ainda sem data de origem definida, pois aguardam uma avaliação de seu DNA – carrega consigo uma lenda, virtudes e alguns karmas de vidas passadas, dos quais Polaco é crente e não abre mão. E só pra ficar claro do quanto é valiosa: ninguém pode encostar nela e muito menos deixá-la num lugar qualquer.
O acervo com mais de 500 itens traz ainda pinturas e equipamentos do primeiro tatuador a chegar ao Brasil, em 1959, o dinamarquês Knud Harald Lykke Gregersen, conhecido como Lucky Tattoo, responsável pela introdução das máquinas elétricas no país.
Não poderia faltar também um pouco da história de Sailor Jerry, tatuador que introduziu o conhecido estilo “old school” para o mundo, com desenhos ligados à marinha norte-americana e pin-ups num estilo totalmente único e inconfundível.
Ferramentas de outras origens e culturas utilizadas para tatuar também são parte do museu e muitas vezes presente de outros tatuadores que passaram pelo estúdio do Polaco. A tatuagem feita com hastes Tebori e Thai costuma agredir menos a pele e marcá-la de um jeito diferente do convencional.
Quer um conselho de amigo? Tatuado ou não, agende uma visita ao museu e vá com tempo, acompanhe o curador e ouça todas as incríveis histórias que ele tem para contar. Você vai sair de lá com outra visão sobre tatuagens e muito mais conhecimento sobre arte, cultura, comportamento e história.
Museu da Tatuagem @ São Paulo
Rua 24 de Maio, 225 – 1º andar – Próximo à estação República do metrô.
De segunda à sexta, das 10h às 19h. Sábados, das 8h às 13h. Não abre aos domingos.
É preciso marcar a visita antecipadamente via telefone: (11) 3222-8049
Visitação gratuita.
Todas as fotos © Brunella Nunes para o Hypeness
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