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Nasceu há dois anos, com o objetivo de tornar a cidade mais humana e aproximar os habitantes. O Projeto Vizinhança desafia também, como o nome indica, o sentido de comunidade de cada um, dando novas vidas a espaços ociosos da cidade, em um ambiente de troca e partilha de ideias.
As sete edições até agora realizadas foram todas em bairros da cidade de Porto Alegre, mas a ideia é que o projeto se estenda a outros Estados do Brasil. Por enquanto, falta verba, mas não falta vontade nem dos responsáveis, nem das pessoas, que participam ativamente na transformação dos espaços, com trabalho e doações. Nas edições já realizadas aconteceram oficinas de arte, música, dança, teatro, contação de histórias, apresentações teatrais, shows e exposições.
O Hypeness foi conhecer mais de perto o legado “material e imaterial” que o Projeto Vizinhança já está deixando por aí, na voz de Márcia Braga e Aline Bueno, em mais uma edição da Entrevista Hypeness.
Hypeness (H) – Em que consiste o Projeto Vizinhança e como foram as primeiras edições?
Projeto Vizinhança (PV) – O Projeto Vizinhança nasceu em 2012 em Porto Alegre/RS a partir de reflexões advindas do cotidiano de pessoas que se interessam por sua cidade e pelas relações que nela se constroem de vizinhança e identidade. Muitas coisas em comum uniram Márcia Braga e Aline Bueno nesta iniciativa que busca ativar espaços ociosos da cidade transformando-os, através da participação coletiva, em lugares, palco de novas experiências, estimulando a convivência entre vizinhos, a troca e a aprendizagem em um ambiente lúdico, criativo e informal.
As sete primeiras edições do projeto aconteceram entre agosto de 2012 e maio de 2014 e foram experiências inéditas e maravilhosas, mobilizando conjuntamente mais de 300 artistas e aproximadamente 3 mil pessoas em uma série de atividades artístico-culturais.
Além das edições, o Projeto Vizinhança também é o ativador do Café na Calçada, que acontece quatro vezes por ano na Rua Felix da Cunha, bairro Floresta (Porto Alegre). Um momento de encontro entre vizinhos e amigos que compartilham um café da manhã cheio de delícias.
H – Como podemos aproximar as pessoas que vivem nos grandes centros urbanos e torná-las mais atentas aos seus vizinhos e aos espaços que as envolvem?
PV – Achamos que existem muitos caminhos. Nós acreditamos que as pessoas precisam estar mais próximas, precisam de uma oportunidade ou de uma “desculpa” para conhecer o outro, porque as relações já não são mais tão espontâneas quanto em outros tempos. Existe uma passividade muito grande. Por isto, o Projeto Vizinhança aposta nestes encontros que acontecem em diversos momentos do projeto. As pessoas se conhecem e conversam enquanto pintam uma parede ou arrumam um jardim e o que as une é, neste primeiro momento, aquela atividade e a partir dela surgem outras conexões. Quem vai até o Projeto para qualquer uma das situações, como voluntário, participante ou apenas espectador está dizendo, no fundo – sim, eu quero algo deste encontro! E ninguém sai de lá como chegou, a energia é tão pulsante que contagia.
Envolver as pessoas na construção de uma edição faz com que elas comecem a questionar o lugar onde vivem, as estruturas disponíveis e comecem a se sentir empoderadas para ir em busca das mudanças que querem. Esses encontros acabam plantando a semente da vontade de fazer com as próprias mãos. Elas vivenciam uma outra maneira de experimentar a cidade e querem mais disso, se tornam mais atentas a questões que envolvam os espaços de uso comuns.
H – As pessoas estão dispostas e têm vontade de colaborar e trabalhar para melhorar os espaços que as rodeiam?
PV – Sim, aqui em Porto Alegre temos muitos grupos super engajados trabalhando por uma cidade melhor pra se viver. Estamos conectados, trocamos informações e experiências. Também existem muitas pessoas que trabalham de forma voluntária ajudando a realizar as ações, e temos sim, muita gente que quer colaborar. O que percebemos é que, muitas vezes, as pessoas não sabem “o quê?” ou “como?” fazer para ajudar, o caminho para chegar até aos responsáveis pela organização. Por isto fazemos nossas convocatórias. Em cada etapa do processo anunciamos a tarefa nas redes sociais e solicitamos ajuda. Quase sempre somos positivamente surpreendidas com a adesão. Também é importante que as equipes recebam as orientações necessárias sobre as tarefas a serem realizadas.
H – O que acontece aos espaços depois das intervenções do Projeto? Toda a ocupação é temporária, e depois o que fica?
PV – Todas as intervenções são temporárias, pelo menos até o momento. O que acontece com os espaços depende do tipo de espaço e da proposta colocada em prática. Temos dois legados: um material e outro imaterial. O mais óbvio é aquele relacionado às intervenções em artes visuais, que ficam nos lugares, conferindo-lhes mais vida e, consequentemente, alterando o clima da rua ou do bairro em que estão. O segundo são as novas amizades, troca de experiências e aprendizados. A partir destes encontros mudamos o cotidiano daquelas pessoas ao mesmo tempo em que facilitamos as conexões entre elas, favorecendo a criação de vínculos afetivos.
Foto © Aline Bueno
H – De que é que as cidades brasileiras estão precisando? O que cada um de nós pode fazer por elas?
PV – As cidades precisam de atenção. Elas estão abandonadas pelas políticas públicas e por nós cidadãos. Elas precisam ser vivas, agradáveis, pensadas para pessoas, e seus espaços públicos devem ser suficientemente atraentes para tirarem as pessoas de casa. Sair de casa é o que devemos fazer, utilizar os lugares e as paisagens que a cidade oferece e cuidá-la porque ela é, sim, a extensão de nossas casas.
H – Então o que é preciso para que uma pessoa possa reproduzir a ideia na respectiva cidade?
PV – Para qualquer coisa é preciso acreditar nas pequenas mudanças e no potencial de cada um. Sempre incentivamos as pessoas a realizarem ações como as nossas. O que uma pessoa precisa é basicamente primeiro ter vontade de fazer, começar com algo pequeno, aprender com a prática e não desaminar. Estamos sempre abertas para ajudar em todos os momentos desta construção.
H – O que se aprende com as edições do Projeto Vizinhança, independente do espaço?
PV – Se aprende a trabalhar em equipe, se aprende a valorizar o que cada um sabe e faz, se reapreende a viver em comunidade. Mas também a descobrir o que verdadeiramente necessitamos, uma cidade mais amável.
H – O Projeto está em Porto Alegre. Quais serão as próximas edições? Podemos esperar que a iniciativa se estenda à outras cidades?
PV – A próxima edição de 2014 será no dia 11 de outubro, em um terreno no bairro Santana. E ainda teremos mais dois Cafés na Calçada, um em setembro e outro em novembro.
Queremos muito levar o Projeto para outras cidades e Estados. Estamos tentando encontrar os caminhos. Nossa dificuldade, como em todos os projetos sem fins lucrativos, é mesmo a falta de recurso. Realizamos em abril uma campanha muito feliz no Catarse, um site de financiamento coletivo [pode ver o resultado aqui], através da qual conseguimos uma verba para realizarmos as edições deste ano em Porto Alegre e com a qual também conseguimos montar aquilo a que chamamos de “Depósito dos Sonhos”. Trata-se de um lugar onde guardamos uma série de equipamentos que adquirimos com a verba e que emprestamos para todos os grupos da cidade que necessitem. Procuramos comprar itens que fossem úteis a todos. Também buscamos verbas através dos editais.
Se tiver curiosidade em saber como foram as primeiras edições com maior detalhe, confira as indicações abaixo ou siga o canal de vídeos do Projeto Vizinhança:
1ª Edição – Arte de Perto – Agosto 2012
Uma casa que estava para alugar no bairro Boa Vista se transformou em uma galeria de arte através de uma parceria com a Galeria Virtual VendoARTE.
2ª Edição – Quintais – Outubro 2012
Um jardim abandonado no bairro Petrópolis recebeu atividades variadas como: oficinas, pocket show, refeições coletivas e momentos de encontro entre amigos e vizinhos.
3ª Edição – Muros – Março 2013
Um grande terreno desocupado no bairro Santa Tereza ganhou vida com a intervenção de diversos artistas.
4ª Edição – Jazz – Junho 2013
A casa da Dona Ivone Pacheco, diva do jazz porto alegrense, foi palco de muita música, arte nos muros, dança, teatro, poesia e contação de história.
5ª Edição – Casas da Memória – Novembro 2013
Três casas desocupadas no bairro Higienópolis foram transformadas para receber amigos e vizinhos durante um final-de-semana com uma programação intensa de atividades.
6ª Edição – Um Centro Cultural por Bairro – Março 2014
O Centro Cultural Zona Sul, no bairro Tristeza, recebeu por dois dias o Projeto Vizinhança que ativou o local com oficinas, exposições, dança, música e muitos encontros.
7ª Edição – Terreno de Ideias – Maio 2014
Um terreno no bairro Santa Tereza acolheu vizinhos e amigos em um sábado cheio de momentos de compartilhamento.
Para acompanhar todas as novidades e ficar atento às próximas edições, siga o site ou a página no Facebook do Projeto.
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