Ao adentrar na exposição Ocupação Giramundo, no Itaú Cultural, em São Paulo, mergulhamos num universo lúdico, encantado e nostálgico. A mostra fantástica e curiosa traz uma viagem pela trajetória do coletivo mineiro, que tem mais de 40 anos de história e é referência na produção de teatro de bonecos no Brasil, item este que merece os holofotes.
Com muitas marionetes expostas, feitas em madeira, pano e resina, nos mais diversos tamanhos, a mostra traz todo o percurso de criação dos personagens que já encantaram muita gente dentro e fora do país. O desenho, construção, pintura e figurino é feito pelas mãos de artesãos que não só trabalham, mas vivem o teatro de bonecos. Com 12 anos de profissão, o construtor e marionetista Paulo Emilio Luz criou e operou diversas marionetes da companhia e nos explicou sobre os bonecos de fio, de balcão e todo o processo que isso envolve.
Segundo Daniel Bowie, construtor que às quintas e sextas-feiras operava na oficina montada na exposição (que retorna nos dias 8 e 9 de janeiro de 2015), os bonecos levam de 10 a 15 dias para ficarem prontos, dependendo de sua complexidade. Primeiro cria-se um desenho, depois se desenvolvem todas as partes em madeira, para serem então juntadas. Os bonecos têm então uma estrutura de isopor que forma a cabeça, revestido com jornal, massa e depois a pintura.




Um grande painel explicativo mostra como se formam todas as partes do processo. “No teatro de bonecos, existe uma confluência muito grande de todas as belas-artes. A gente pinta, esculpe, interpreta, canta e o boneco está no meio disso. Ele é a mídia. Nós trabalhamos com ele para nos expressar em todas as formas”, conta Ulisses Tavares.
Os bonecos então ganham vida durante a encenação, que aconteceu na mostra aos fins de semana antes do período do Natal. Os personagens ali expostos já estrelaram 34 espetáculos diversos, entre eles uma adaptação da história de Alice no País das Maravilhas, encenada em São Paulo. “O teatro de bonecos hoje tem também uma nova roupagem, com projeções, trilha sonora e até mesmo uma pessoa em cena que interage com os personagens”, explicou Paulo.
E quem faz parte dessa história não quer parar, quer é fazer mais. Guilherme Benoni, de 21 anos, é manipulador de bonecos e trabalha na oficina do Giramundo como marionetista há um ano e meio. “Não me imagino em outra coisa. Acho que nasci pra me expressar artisticamente”, contou ele, que também é músico, ao Hypeness.























O Giramundo foi fundado em 1970, em Belo Horizonte. Na década de 1950 o artista plástico Álvaro Apocalypse (1937-2003) tornou-se professor na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde conheceu sua futura mulher, Terezinha Veloso (1936-2003), também artista plástica e docente no local. Em 1970, os dois iniciaram uma parceria artística com a aluna Maria do Carmo Vivacqua Martins, a Madu, bolando apresentações cênicas informais para crianças, familiares e amigos. Dessas sessões surgiu a inventiva A Bela Adormecida, considerada a primeira produção do grupo.
Ocupação Giramundo @ Itaú Cultural – até dia 11 de janeiro
Avenida Paulista, 149 – Bela Vista
Tel: (11) 2168-1777
terça a sexta 9h às 20h, com permanência até as 20h30
sábado, domingo e feriado 11h às 20h
Grátis, no Piso Térreo
Todas as fotos © Brunella Nunes para o Hypeness
