Arte

Exposição de Frida Kahlo foca no empoderamento feminino através da arte

23 • 09 • 2015 às 09:35
Atualizada em 18 • 05 • 2018 às 18:55
Brunella Nunes
Brunella Nunes Jornalista por completo e absoluto amor a causa, Brunella vive em São Paulo, essa cidade louca que é palco de boa parte de suas histórias. Tem paixão e formação em artes, além de se interessar por ciência, tecnologia, sustentabilidade e outras cositas más. Escreve sobre inovação, cultura, viagem, comportamento e o que mais der na telha.

Símbolo de poder feminino, a artista mexicana Frida Kahlo finalmente tem suas obras expostas no Brasil depois de uma longa espera. A partir do dia 27 de setembro, no Instituto Tomie Ohtake em São Paulo, o público pode conferir a mostra “Frida Kahlo – conexões entre mulheres surrealistas no México”, dedicada a ela e suas colegas, outras grandes mulheres pintoras. Focada no universo feminino e suas várias vertentes, a exposição reúne trabalhos que falam sobre identidade, família, maternidade e moda. 

O Hypeness teve acesso ao espaço expositivo antes da abertura, na companhia da curadora Teresa Arcq. Focada em Frida, com 19 pinturas originais e 13 litografias, a mostra teve como ponto de partida um estudo feito por Teresa sobre mulheres inseridas no surrealismo. “Ela foi uma artista que ajudou mulheres no México. Durante a Segunda Guerra Mundial, tentou meios de conseguir asilo político para Remedios Varo e colaborou para que Leonora Carrington se firmasse na arte”, contou.

E conexões entre elas, junto ainda com Maria Izquierdo, Lola Alvarez BravoAlice Rahon, é o que não falta na exposição, que demonstra o quanto estas mulheres tão fortes foram importantes umas para as outras, para a arte surrealista e para o empoderamento feminino. Dividida em seções, a mostra começa com autorretratos, revelando as impressões que cada uma mantinha sob si mesmas, seus corpos e suas vidas. “O corpo aparece representado como concepção de vida. Em outros quadros surge preso ou com dor”, explicou Teresa.

Os quadros com frutas podem representar diversas situações na vida destas mulheres, como relações amorosas, caso entre Frida e Jacqueline Lamba, tristeza, vista num quadro onde cocos aparecem com lágrimas, e até mesmo decepções, como se observa num quadro onde um cacto em formato de coração tem uma faca fincada em si mesmo.

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A relação ambígua com Diego Rivera, que ora tratava como marido e ora tratava como filho, também é posta em pinceladas numa das telas mais lindas de toda a mostra, chamada de “Autorretrato en la frontera entre el abrazo de amor de el universo, la tierra (México), yo, Diego y el Señor Xólotl”. É possível notar a figura materna de Frida com Rivera em seu colo, visto que em seu diário ela escreveu certa vez: “a cada momento ele é meu filho, meu filho nascido a cada momento, diariamente, de mim mesma.”

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Embora o visual sempre vibrante, Frida era bastante melancólica e passou por muita dor física e emocional em sua vida, passando por momentos intensos. Contraiu poliomielite na infância, sofreu abortos e um grave acidente de ônibus, que a deixou debilitada e ainda passava por grandes desgastes emocionais com os casos extraconjugais que seu amado mantinha, coisa que ela também fazia. Dona de uma personalidade única e traços sinceros, que mesmo surreais representam muito bem os momentos que vivia, fazia jus às flores que adornava na cabeça, seja pela vontade de viver e desabrochar, ou morrer e se rodear delas.

Fotografias de Lola, Nickolas Muray, Martin Munkácsi, Bernard Silberstein e Héctor García também compõem a exposição, trazendo um lado íntimo da artista, e algumas peças de roupa, réplicas feitas pela mesma artesã de Frida. Vale destacar ainda uma das obras mais brilhantes da mostra, “Los Encarcelados”, da francesa Bridget Bate – que se naturalizou mexicana, composta por caixas de madeira que representam mulheres presas dentro delas, e ainda o autorretrato de Rosa Rolanda, que exibe uma espécie de confusão mental quando ela descobriu a traição do marido.

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Foto: divulgação

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A mesma exposição segue no próximo ano para o Rio de Janeiro e depois Brasília. É importante lembrar que existe a possibilidade de comprar ingressos online, evitando filas na porta e dando mais comodidade para quem deseja ver as obras de perto.

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Aproveitando o assunto, o projeto brasileiro Frida em Foto está buscando recursos via financiamento coletivo para a elaboração um livro com releituras fotográficas da artista, onde as obras são reinterpretadas com mulheres comuns. A ideia é representar a força da artista nas mulheres de hoje, com a mensagem de que “Somos todas revolucionárias”, nas próprias palavras de Frida.

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Frida Kahlo – Conexões entre Mulheres Surrealistas no México
@ Instituto Tomie Ohtake de 27.09.15 a 10.01.16
Rua Coropés, 88 – Pinheiros, São Paulo – SP
Tel.: (11) 2245-1900

De terça a domingo, das 11h às 20h
Entrada R$ 10 (grátis às terças-feiras)

Todas as fotos © Brunella Nunes | Hypeness

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