Decoração

Minha Casa é Hype #26: o lar dessa arquiteta especializada em casas contêineres é ‘um sonho’

21 • 01 • 2016 às 12:06
Atualizada em 02 • 06 • 2018 às 10:01
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Livia Ferraro, 33, é arquiteta, artista plástica e vive há 9 anos numa encosta exuberante em Florianópolis, com vista para a Lagoa da Conceição. A casa onde mora foi sua primeira experiência como arquiteta e também um grande aprendizado.

O terreno acidentado fez com que Lívia e os aquitetos Diego Caiado, Jander de Amorim, Eduardo Giovanni e Evandro de Oliveira, do Gupo Taba – escritório de arquitetura que ela contratou para realizar o projeto e encaminhar a obra -, tivessem que buscar novas respostas para velhas perguntas. A arquitetura modular, topográfica e os contêineres foram algumas das alternativas que encontraram.

O processo de construção da casa foi a grande inspiração para que Livia criasse sua empresa, a Ferraro Habitat, que há oito anos é especializada em projetos arquitetônicos com contêineres, mas que trabalha também técnicas diversas sempre com redução de desperdícios e impacto ambiental. Livia vive nessas ‘casa dos sonhos’, como ela mesma descreveu, com seu filho Enri, 4, e nos contou um pouco sobre sua experiência pioneira com contêineres no Brasil.

Vem com a gente que a vista é linda e o papo foi bom demais:

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Hypeness (H) – Se você pudesse descrever sua casa em poucas palavras quais seriam elas?

Livia Ferraro (LF) – Um sonho (risos)! Minha casa foi o primeiro projeto do qual participei, quando ainda era estudante. Ela fica num terreno super isolado aqui em Florianópolis, num lugar que chama Canto dos Araçás. O lugar é lindo, uma vista incrível. Na época, identificamos que a topografia do terreno era um pouco acidentada, mas o lugar era maravilhoso.

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Então, buscamos trabalhar com arquitetura topográfica. Você chega no lugar você não vê uma casa que corta a vista, você vê um gramado que é a cobertura jardim (teto verde).

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Como durante a construção nos deparamos com alguns problemas de mão de obra, começamos a pesquisar quais alternativas de construção e técnicas poderiam ser mais práticas, levariam menos tempo, e acarretariam menos desperdício.

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H – Além da casa que você mora hoje, teve algum outro projeto que marcou sua carreira, que foi legal de fazer?

LF – Teve a casa de uma bióloga argentina, também aqui em Floripa (abaixo), onde inclusive eu morei um tempo porque ela teve que voltar pro país dela e eu acabei alugando. O que ela queria quando me procurou para fazer o projeto tinha muito a ver com tudo o que eu sempre acreditei. Ela queria uma casa inteirinha feita com materiais reutilizados, o máximo possível. Foi um grande desafio, mas a gente foi atrás.

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Como a ideia era utilizar materiais que já existiam e readaptá-los, a gente não podia desenvolver um projeto para depois adaptar os materiais, a gente precisou fazer o processo inverso. Fomos atrás dos materiais para depois elaborar o projeto a partir do que a gente conseguisse. Então teve muito garimpo. Procuramos tijolos, encanamento, madeira, vidro e montamos a casa aos poucos. O próprio contêiner que faz parte da casa era um contêiner que já tinha sido batido, estava inutilizado.

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H – Voltando para a sua casa, onde você vive hoje, de onde veio a inspiração para a decoração?

LF – Eu nunca fui muito de entrar numa loja determinada e comprar um monte de coisa. Eu gosto dos objetos que tem história. Então eu tenho muitos móveis que eram da minha família, que eu reformei e muitas coisas eu fui encontrando. Então a decoração surgiu ao longo do tempo, é uma decoração com alma. Tem uma mesa que era dos meus pais, que é uma mesa clássica que todo mundo tinha em casa na década de 1980. Eu fiz um estofado super colorido diferente para as cadeiras e ficou incrível (abaixo).

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Isso acabou me inspirando a trabalhar dessa maneira com os clientes. Então já fiz alguns projetos de interiores em que o cliente chega e fala “Eu tenho esse móvel e esses objetos”, a partir disso eu crio a decoração. Teve uma vez que um casal foi viajar pra Europa, e eu combinei tudo com a esposa dele, sem ele saber de nada (era o apartamento dele). Quando voltaram estava tudo feito, decorado, com as coisas dele, objetos que estavam guardados e ele não via a tempos, foi muito emocionante, eles até choraram.

H – Como foi o processo de construção da sua casa para que ela ficasse como é hoje?

LF – Como o terreno tem um acesso complicado o processo teve que ser bem planejado. A questão da mão de obra também foi bem complicada porque as pessoas não estavam acostumadas a trabalhar com contêiner e arquitetura modular. Hoje eu trabalho com uma equipe que já domina essas técnicas, mas na época foi bem difícil.

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Naquele tempo não existia arquitetura em contêiner no Brasil. Existia um pessoal que cortava uma porta ou uma janela no porto mesmo, usava como deposito, mas arquitetura mesmo não. Aí, pesquisando eu encontrei algumas coisas fora do Brasil e como aqui em Florianópolis estamos perto de Itajaí, que é um super deposito de conteiners, eu percebi um potencial aqui para trabalhar isso.

Eu não cortei nenhuma árvore pra fazer a minha casa. Então tem um lado dela que as árvores meio que atravessam a construção. Na cozinha, eu usei muito cimento queimado, que fica charmosíssimo e é fácil de limpar.

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O banheiro é todo de pedra, porque a gente teve que cavar pra fazer a casa, aí já aproveitamos para só fazer o revestimento (abaixo).

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H – Qual o cômodo preferido da casa? Por quê?

LF – A cozinha. Ela é toda de concreto aparente, a parte da laje também, e ainda tem a cobertura jardim em cima que ajuda a manter o ambiente fresquinho, inclusive nos contêineres a gente usa muito a cobertura jardim. A cozinha é enorme, ela é meio que uma cozinha-sala porque não adianta: todo mundo sempre fica na cozinha (risos). Então tem que caprichar nela mesmo.

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H – Qual o item de decoração que mais gosta na sua casa? Por quê?

LF – Ah é o bifê e a cristaleira (à esquerda e à direita na imagem abaixo). Os dois eu reformei, eram dos meus avós, de mil novecentos e nada (risos). Não é à toa que eles estão no cômodo preferido.

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E como se não bastasse a casa linda, olha a vista do escritório dela, que agora tem até coworking pra quem quiser trabalhar em grande estilo…

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Imagens: Alessandro Guimarães e arquivo pessoal

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