Chegava a hora da primeira luta do card principal do UFC. Passei por uma equipe, entrei num corredor escuro e, depois dele, vi a plateia esperando pelos lutadores. Eu não estava em Londres, mas assisti ao UFC Fight Night: Silva vs. Bisping de uma jeito diferente: numa sala de cinema.
Foi a primeira vez que fui ao cinema para ver um evento esportivo. Já tinha ouvido falar de jogos de futebol e futebol americano transmitidos assim, mas a associação do comportamento quieto que se deve ter ao ver os filmes não batia com minha ideia de torcer vendo esporte.

Logo de cara, vi que estava enganado. Chegando às poltronas, me ofereceram cerveja. Percebi que o clima seria totalmente diferente. A produção do evento é caprichada: dentro da sala havia um palco preparado para receber a mesa redonda após o combate de Anderson Silva, com os lutadores Rogério Minotouro e Thomas Almeida, que já estavam presentes, assim como as Octagon Girls Camila Oliveira e Jhenny Andrade.

Outra atenção especial é a cobertura específica feita para o cinema. Além de narrador e comentarista diferentes dos da TV, havia a participação do também lutador do UFC Demian Maia.

Ainda com várias poltronas vazias, vi os duelos entre Francisco Rivera x Brad Pickett e Tom Breese x Keita Nakamura. Camila e Jhenny se revezavam para anunciar cada um dos rounds, apreciados junto com a cerveja e a clássica pipoca (que não pode faltar no cinema, né).
Com a telona e o áudio especiais, ver as lutas foi mais legal que em casa. A galera no cinema reagia aos golpes, mas ainda não tinha esquentado: a coisa ficou mais animada no terceiro combate da noite, entre o brasileiro Thales Leites e o holandês Gegard Mousasi.

Já com a sala mais cheia e um brasileiro no octógono, a ida até o cinema mostrou valer a pena. O pessoal torceu pelo Thales, mas Mousasi comandou a luta e esfriou as reações.
Então veio o momento que todo mundo esperava. Enquanto aguardávamos a entrada do Spider, eu imaginava como estava o Renato Guedes. Espera, quem? Bom, Renato é um ilustrador que já trabalhou para a DC e a Marvel e estava trabalhando num Fight Book sobre o retorno de Anderson após mais de um ano. Eu tinha visto os desenhos já divulgados, e estava interessado por uma ideia bem legal: os capítulos finais seriam feitos ao vivo, durante o fim de semana da luta.

Quando Anderson se dirigiu ao octógono, a sala, já praticamente cheia, virou arquibancada. Todo mundo vibrou com a entrada do brasileiro, gritou reagindo aos golpes, incentivou ele a ir para cima em cada round. E reclamou quando a decisão dos juízes deu a vitória ao inglês Michael Bisping. O resultado desanimou o pessoal, e muita gente foi embora rápido, nem ficando para ouvir as opiniões de Minotouro e Thomas.

Enquanto isso, o Renato finalizava a série sobre o retorno do Spider com o final menos esperado. A decepção era geral, mas a experiência no cinema valeu a pena. Me diverti, a diferença de ver na telona para a TV é gritante, a energia da sala contagia. Para aliviar um pouco a reação ao resultado, peguei mais uma cerveja na saída. Esporte é assim, e a diversão é o que conta.











