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Uma das mais respeitadas e influentes fotógrafas de nosso tempo, Mary Ellen Mark e seu trabalho trazem como marca o interesse profundo pelo ser humano. Um dos principais assuntos de seu trabalho são os excluídos: pobres, miseráveis, moradores de rua, travestis, prostitutas, crianças-problema. O que estivesse, segundo a própria, longe dos interesses gerais do mainstream se tornava interesse seu.
A mais reconhecida e impactante fotografia da obra de Mary é “Amanda e sua prima Amy”, de 1990. A imagem mostra uma criança de 9 anos de idade, de pé sobre uma piscina plástica, baforando uma tragada de cigarro na direção da câmera, com sua prima Amy ao fundo, sentada na piscina.
Foto © Mary Ellen Mark
Tudo na foto é intrigante, incômodo e profundo. A petulância com que a menina olha para câmera e solta fumaça, a ingênua porém angustiante emulação de comportamentos adultos em uma criança – as unhas postiças, a maquiagem, a perfeita pose – cada coisa parece apontar para paradoxos. Algo de deformado e belo, de inocente e denso, de perigoso e banal brota da foto, significando uma sociedade que impõe sobre nós padrões e caminhos assustadoramente levianos. Não por acaso, essa é considerada a mais importante fotografia da obra de Mark.
A morte da fotógrafa, em maio do ano passado, aos 75 anos, levou a NPR (Rádio Pública Nacional, nos EUA) a se perguntar: quem se tornou, como viveu e por onde andará a tal garotinha?
Segundo entrevista dada por Mary Ellen para revista Vogue, em 1993, Amanda foi descoberta em meio a crianças consideradas problema para o estado da Carolina do Norte – em sua maioria usuárias de drogas -, tendo abandonado os estudos e já possuidoras de registros policiais. O trabalho havia sido encomendado pela revista LIFE e o objetivo era captar essa realidade.
Amanda, segundo Mark, era tão terrível que, na realidade, era maravilhosa, com um linguajar realmente chulo, que utilizava de forma brilhante. A menina, por sua força e fragilidade, encantou a fotografa, que a imortalizou.
A fotógrafa Mary Ellen Mark
A menina se chama Amanda Marie Ellison, tem hoje 34 anos, e se lembra perfeitamente do dia em que a foto foi tirada. “Eu nunca esqueci. Por toda minha vida eu jamais esqueci”, ela diz. Segundo Amanda, ela e Mary Ellen realmente se aproximaram durante a sessão de fotos, mas depois daquele dia, nunca mais mantiveram qualquer contato pelos 25 anos seguintes. Com a morte de Mary Ellen, a foto voltou a correr o mundo – até chegar à página de Amanda no Facebook.
Amanda seguiu selvagem e intensamente vivendo uma vida errática desde aquele dia em 1990: viciou-se em drogas, morou em orfanatos e comunidades, foi presa e, ela própria admite, mesmo adulta ainda vive uma vida tumultuada e limítrofe, “cercada de loucos e drogas”. Mas ela garante que sua vida melhorou, e que adoraria poder conversar de novo com “aquela fotógrafa”. “Ela ficaria muito feliz em saber que eu sobrevivi até aqui”, aposta Amanda.
Abaixo você encontra outras fotos de Mary Ellen Mark pelo mundo, ainda que nenhuma tão icônica quanto a da história contada acima:
“Rat” e Mike com uma arma, Seattle, Washington, 1983.
The Damm Family in Their Car [ensaio da fotógrafa com uma família morando nas ruas]; Los Angeles, California, EUA, 1987
Menina posando, Trabzon, Turquia, 1965
Central Park, Nova York, EUA, 1967
Falkland Road, Bombaim, Índia, 1978
Todas as fotos © Mary Ellen Mark
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