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Esses dias voltei ao período colonial por alguns instantes. Isso porque fui até um grande cafezal em São Paulo, ainda pouco explorado pela população. Fica até difícil acreditar que dentro da capital paulista, próximo ao Parque do Ibirapuera, existe um segredo tão bem guardado que nos remete ao legado deixado pelo “ouro negro”.
O terreno pertence ao Instituto Biológico e recebe visitas gratuitamente mediante agendamento. Voltando no tempo, São Paulo foi a maior produtora de café do império, em meados de 1872, e desta forma adquiriu grande parte de sua riqueza, especialmente com a exportação. Até hoje o Brasil é líder mundial na produção do grão.
O passeio é cheio de descobertas e nos enriquece sobre temas agrícolas, tão presentes no passado e no nosso dia a dia, mas que por muitos anos foram falados somente em veículos e profissões muito específicas. Neste resgate pelo o que é da terra e na busca em saber a origem dos nossos alimentos, uma ida à plantação traz noções básicas de como tudo acontece e floresce.
Com 1.600 pés de café plantados, em média se colhe cerca de 1 tonelada de grãos neste endereço. Isso rende em torno de 500 kg de café orgânico, descascado em Descalvado e torrado em Piracicaba. Por fim, são doados ao Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo. “Para produzir 250 gramas do pacote que compramos é necessário colher 2 kg de café. Por menos de 1 hora não dá para colher tudo isso só de grãos, então isso encarece o produto no mercado”, explicou a Dra. Harumi Hojo, da Assistência de Ação Regional, que guiou o nosso passeio.
O problema da seca em SP também afetou a última colheita. É necessário bastante chuva por um período, depois precisa de temperatura amena para amadurecer lentamente o grão, pois é este processo que dá qualidade ao café. Numa temperatura alta, o grão amadurece muito depressa. Além disso, a cada ano produtivo, o seguinte terá queda na safra.
Foi lá onde eu também conheci a broca do café, a praga mais comum do cafezal. Um bichinho minúsculo entra dentro do grão e consegue fazer um estrago somente por se alimentar da endosperma do grão, o que acaba descaracterizando a semente e assim ela se torna imprópria para uso. “O instituto foi criado em 1927 para fazer o controle biológico dessa larva. Ela entra em até 90% da produção”, contou Harumi. No caso, não há uso de pesticidas dentro das plantações do Instituto há 12 anos, portando, é comum que as pragas e os insetos continuem lá.
Este pequeno pontinho preto no grão é a Broca do Café, principal praga que afeta o cafezal
O café depende ainda de polinizadores, o que justifica as caixas de abelha sem ferrão que foram colocadas no local. Harumi ainda plantou lantanas não só com o intuito de criar um borboletário a céu aberto, mas para atrair borboletas que também fazem a polinização.
No mesmo terreno ainda prosperam outras árvores, como Pau-Brasil – ainda muito desconhecido pelos visitantes -, cana de açúcar, seringueira, pés de jabuticaba, abacate, caqui, amora, banana e jaca. As frutas não estão ali a toa, são objetos de estudo e auxiliam no controle de pragas. Na Primavera, entre os meses de setembro e outubro, as árvores nos presenteiam com belas flores, inclusive no pé de café, onde brota uma flor branca.
Parar um tempo para aprender e observar os movimentos, os processos lentos da natureza, que neste caso nos leva até o produto final para a nossa xícara de café, é uma experiência especialmente inusitada dentro da metrópole caótica.
Ver as abelhas e as borboletas pousando nas flores nunca mais será a mesma coisa, porque agora eu sei que elas colaboram com o meu cafezinho diário.
Sem a polinização de abelhas e borboletas seria impossível ter acesso a alguns alimentos vindos da Terra
Cana de açúcar
Abacate
Caqui
Seringueira
Exemplos raros de Pau-Brasil na cidade. Para identificá-las, observe o tronco avermelhado, a textura, as folhas arredondadas e separadas.
A padroeira do cafezal
Quem quiser, pode participar ainda do evento “Sabor da Colheita”, vivência feita desde 2006, entre os meses de maio e junho. No caso, é um ato simbólico que marca o início da colheita do café no Estado de São Paulo, onde as pessoas ajudam a colher os grãos.
Sabendo do legado e importância que o café tem na cidade, a Prefeitura de São Paulo elaborou um roteiro que conta a história da cultura cafeeira passando por alguns edifícios. São eles: Palácio da Justiça, Edifício Guinle, Centro Cultural Banco do Brasil , Largo do Café, Edifício Martinelli, Estação da Luz, Painel Epopéia Paulista, Parque da Luz, Pinacoteca do Estado, Estação Pinacoteca, Estação Júlio Prestes e Vila dos Ingleses.
Cafezal do Instituto Biológico
Av. Cons. Rodrigues Alves, 1252 – Vila Mariana, São Paulo/SP
Tel.: (11) 5087-1751 – As visitas devem ser agendadas com antecedência.
Entrada franca
Todas as fotos © Brunella Nunes
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