Enquanto as últimas palavras de algumas personalidades são eternizadas na memória, outras são esquecidas com a mesma crueldade e injustiça com que essas próprias vidas esquecidas foram tiradas. Foi para iluminar o horror dos milhares de assassinatos cometidos contra jovens negros, e manter ecoando essas vozes encerradas, que a página As Últimas Palavras de Jovens Negros foi criada.

Relatando notícias referentes a esses assassinatos, mas principalmente registrando centenas de últimas palavras de jovens, muitas vezes crianças, antes de serem assassinados – na grande maioria dos casos, pela polícia – a página já reúne mais de 16 mil likes. E os relatos são como um chute no meio de nossas esperanças.


“Por que o senhor atirou em mim?”, perguntou Douglas Rodrigues, de 17 anos, em espanto. Alan de Souza Lima, de 15 anos, tentou se explicar: “a gente estava só brincando, senhor”. Lucas Custódio, de 16 anos, suplicou: “não precisa me matar, senhor”. Herinaldo Vinicius de Santana vaticinou: “quero a minha mãe…”. Tudo foi em vão, e todos os nomes aqui citados terminaram assassinados.


A morte de Douglas, baleado pela polícia sem motivo algum, e sua última e fundamental pergunta, dispararam uma forte campanha, reunindo diversos artistas negros para repetirem a questão.
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O desejo dos administradores da página é de fazer “ecoar as vozes dos mortos para que cheguem a todos que não puderam ouvir naquele momento”. Uma triste missão, cumprida pela página com a força de um tiro no coração.



© imagens: Facebook
O Hypeness havia mostrado em reportagem a série americana que faz o mesmo levante, registrando as frases derradeiras de homens negros mortos pela polícia nos EUA. Relembre.