Mais impressionante que o esforço feminino em nome da igualdade de gêneros, só mesmo a força que demonstram diante da ignorância, do ódio e da igualmente impressionante (no mal sentido) manutenção de certos comportamentos e pensamentos medievais. Mas a luta das mulheres começa a colher os primeiros frutos, e esses terríveis paradigmas hão de rapidamente se transformar. Um violento caso de assédio e ameaça pelo Facebook, ocorrido ano passado na Austrália, se encaminha para um final surpreendente e justo: a cadeia.

Em agosto passado, Olivia Melville recebeu uma série de ofensas e ameaças de estupro depois que uma foto do seu perfil no Tinder viralizou. Alguns homens –especialmente um chamado Zane Alchin – se sentiram à vontade para vomitar o horror no perfil de Olivia.
Alguns trechos das ameaças e ofensas: “Suas putas merecem voltar para os anos 1950 quando aprenderão os seus papéis e calarão a boca”; “São pessoas como você que deixam claro porquê as mulheres não devem ter direitos”; “Você prova que a boca de uma mulher só serve para ser fodida até que a mulher fique azul e depois receber a porra de um homem na cara”
“A melhor coisa sobre uma feminista é que ela não transa nunca então quando você a estupra ela é 100 vezes mais apertada”
Como sempre, é a vítima quem segue sendo punida, e as consequências imediatas para ela foram extremas: depois que o post viralizou, Olivia perdeu seu emprego. Uma amiga de Olivia, no entanto, denunciou Zane para a polícia, e a situação então começou a se inverter e retomar o rumo de qualquer civilidade mínima. Diante das irrefutáveis provas, essa semana o agressor declarou-se culpado das acusações de “utilizar um serviço de comunicação para ameaçar, assediar ou ofender” – ele pode ser condenado a até 3 anos de prisão. Sua sentença final sairá em julho.
A esperança é que a condenação de Zane transforme-se em paradigma para o resto do mundo, e que ao menos na internet essas ameaças deixem de ser tão comuns e tratadas como banalidades. Pois, por mais horrendo que seja tomar conhecimento da existência de um maníaco como tal, a verdade é que esse tipo de comportamento, tanto virtual quanto na vida real, é mais comum do que pensamos e gostaríamos que fosse. A solução passa por tornar uma condenação como a de Zane tão comum quanto seus atos.
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