Qualquer pessoa que tenha vivido na Europa durante os anos 1930 e 1940 – e especialmente os espanhóis, que ainda viveram uma sangrenta guerra civil no final da década de 1930 – conhece e se compadece com o drama dos refugiados e os esforços da Cruz Vermelha. O grande pintor espanhol Joan Miró não era diferente, especialmente após um dos médicos da organização ter salvado a perna de sua filha depois de um acidente de carro.

Foi pensando nessa justa memória de seu avô, que ao longo da vida sempre ajudou os exilados, refugiados e menos favorecidos – ele próprio passou fome e viveu em exílio durante a Guerra Civil – que o neto de Miró, Joan Punyet Miró, decidiu doar 24 obras de seu avô para um leilão em favor da Cruz Vermelha e do auxílio aos atuais refugiados. “Considero-me o portador da chama no que toca aos seus desejos e tento fazer o que ele faria se ainda fosse vivo. Hoje estaria consciente de que o que está acontecendo na Síria poderia acontecer na Espanha”, afirmou Joan.
O pintor espanhol Joan Miró
O leilão levantou em torno de 70 mil dólares que, segundo Rosa María Marco, vice-presidente da Cruz Vermelha, “destinam-se a projetos solidários da organização, como o acolhimento e a prestação de cuidados da população refugiada no Leste da Europa”.

Se o valor e a qualidade das obras de um gênio como Miró aumentam e se destacam com o passar dos anos, infelizmente certos dramas do mundo parecem jamais capazes de serem superados, como é o caso dos refugiados. Que ao menos o espírito criativo e altruísta de Miró também se mantenha entre nós.



© fotos: divulgação/ Joan Miró
Recentemente o Hypeness cobriu uma exposição de Miró em São Paulo. Relembre.