Ao assistir um típico exemplo de barbárie ocidental, diante de uma briga generalizada entre torcedores ingleses, russos e a polícia francesa, o pesquisador inglês de origem iraquiana Hayder al-Khoei teve uma ideia: retratar em tweets debochados a cena da mesma forma com que a mídia costuma retratar a violência no Oriente Médio.
Diretor de pesquisas do Centro de Estudos Acadêmicos Xiitas, na Inglaterra, Hayder acompanhava de Londres, pela TV, a batalha, dada por conta de uma partida pela Copa da Uefa, em Marselha, na França.


Sua série de tweets lembrou a todos, com humor refinado e cinismo requintado, como a generalização pode soar burra e ingênua, e como as situações possuem muito mais nuances, refinamentos e complexidades do que o preto-no-branco com que normalmente a mídia retrata os conflitos.
Foi tomado do espírito do cinismo debochado e de inteligência que ele retratou as “divisões religiosas” centenárias entre torcedores de futebol.

“Na Europa, levantar uma cadeira acima de sua cabeça e andar na direção do inimigo é um insulto e um desafio tradicional“

“Se mais ingleses não condenarem inequivocamente essa violência, as pessoas vão pensar que esses bêbados extremistas representam todos nós“

“Para Árabes que queiram compreender essa violência, atirar uma garrafa de cerveja na cultura europeia é como atirar um sapato. Um gesto de insulto”

“Ingleses com apoio americano e russos com apoio chinês lutando na França fazem parte de uma vasta guerra entre o capitalismo e o comunismo”

“Como um torcedor inglês, falando em nome de todos os ingleses e da Inglaterra, gostaria de me desculpar pela violência sem sentido na França“

“Essa violência horrível tem suas raízes em conflitos que voltam séculos atrás. À guerra anglo-francesa no século XIII, Napoleão e à União Soviética“

“Ingleses protestantes e franceses católicos se odeiam por conta da profunda história de sectarismo e violência na Europa“

Hayder contou que muitos não captaram o sarcasmo e responderam indignados, pensando que ele estava falando sério – o que diz muito sobre a capacidade das mídias em geral de criar inverdades e simplificações sobre situações verdadeiramente complexas. O resultado é revelador e ironicamente no alvo.


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