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A ‘treta’ sobre o disco de Elza Soares mostra a importância do debate para o feminismo

05 • 07 • 2016 às 07:58
Atualizada em 05 • 07 • 2016 às 09:04
Mari Dutra
Mari Dutra Criadora do Quase Nômade, contadora de histórias, minimalista e confusa por natureza, com os dois pés (e um pet) no mundo. Chega mais perto no Instagram.

Treta na internet pode começar de qualquer jeito. Essa começou com uma publicação que tinha tudo para ser inocente. O pesquisador Renato Gonçalves publicou no seu perfil do Facebook uma homenagem ao músico Romulo Fróes, autor da música Mulher do Fim do Mundo, que dá título ao último disco de Elza Soares. A publicação tinha tudo para ser só um postzinho inocente, mas deu início a uma discussão épica sobre feminismo e racismo.

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Confira aqui o post original

A publicação foi feita no dia 20 de junho, e os comentários renderam uma mega polêmica, que ficou ainda mais forte quando um dos meninos acusados de ignorar as denúncias de abuso feitas acima apareceu por lá.

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No mesmo dia, a câmera, diretora de fotografia e produtora cultural Tay Nascimento, que tinha começado a polêmica no post de Renato, publicou em seu perfil na rede social a seguinte denúncia, que foi compartilhada por 250 pessoas e recebeu 200 comentários até o momento.

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Confira a publicação original aqui

Só que o post, que era para denunciar o machismo sofrido por ela e outra companheira, acabou sendo interpretado também como um atitude racista pela colunista Djamila Ribeiro, da Carta Capital, que escreveu uma resposta às denúncias de Tay no dia 22 de junho, intitulada “Antes de boicotar Elza Soares, repense o seu racismo“.

Na publicação, a jornalista questiona a intenção de Tay: “Nesta semana, uma mulher branca sugeriu um boicote ao álbum Mulher do Fim do Mundo, de Elza Soares. O motivo é que o álbum não seria feminista, já que na sua produção trabalharam homens machistas. O argumento dá a entender que Elza estava sendo usada e não possuía consciência da potência do álbum“, escreve ela, que ressalta que este não é “argumento que se preze” para deslegitimar a obra.

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Reprodução Carta Capital

Djamila conclui que é “preciso ter honestidade para fazer o debate sério. Tentar retirar a autonomia de Elza Soares e colocá-la num local de subalternidade é reforçar a lógica racista. É colocá-la como incapaz de fazer escolhas ou de ressignificar símbolos. Debater racismo e machismo estruturais não pode se confundir com deslegitimar o sujeito do grupo oprimido” (leia a coluna na íntegra aqui).

Depois das acusações, Tay resolveu fazer uma resposta a Djamila e também um pedido de desculpa a Elza Soares e todas as mulheres negras que possam ter se sentido ofendidas diante de suas acusações. O texto foi publicado  no domingo, 3, através do Medium.

Carta resposta à Djamila Ribeiro e ao texto ‘Antes de boicotar Elza Soares, repense o seu racismo’

por Tay Nascimento Olá Djamila, tudo bem? Estou tentando falar com a Carta Capital há uma semana para tentar um direito de resposta ao seu artigo ( http://www.cartacapital.com.br/cultura/antes-de-boicotar-elza-soares-repense-o-seu-racismo) e saber o seu contato, mas não obtive resposta até agora.

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Leia o texto na íntegra aqui

A gente não sabe se a treta vai parar por aí ou continua, mas a polêmica só reforça o quanto ainda precisamos discutir temas como feminismo e racismo e refletir sobre como a falta desse debate se reflete em nossa sociedade.

Para pensar ouvindo o vozeirão de Elza Soares. Ou não.

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Foto via

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