Um post no Facebook na última segunda-feira mostrou o exato limite do tal espírito olímpico, ilustrando onde acaba a mobilização por uma competição internacional e onde começa o mero desrespeito com a população. Uma mãe precisava chegar o mais rápido possível ao hospital para salvar a vida de seu filho; o bloqueio para a passagem da tocha olímpica não permitiu que ela seguisse.
Por pouco a história ao menos teve um final feliz, e o pequeno Miguel passa bem, apesar do susto. O bebê de 11 meses ingeriu acidentalmente metade de um comprimido de Ritalina, que sua mãe, Fabiana Bach, utiliza por um problema neurológico. Ao informar aos médicos, a ordem foi que corresse para o hospital, para uma lavagem estomacal. Fabiana chamou um Uber e rezou para que o waze lhes conduzissem pelo caminho mais rápido.

No meio do caminho, porém, havia a tocha. Diante do bloqueio, a mãe desceu do carro e implorou para os agentes da CET que permitissem sua passagem, explicando se tratar literalmente de um caso de vida ou morte. Ela, porém, foi totalmente ignorada e, tomada pelo desespero e a pressa, teve de seguir por um caminho consideravelmente mais longo até chegar ao hospital Albert Einstein, na capital paulista.

O relato termina em indignação, pela sensação de que qualquer coisa vem antes daquilo que deveria ser o grande propósito de todo evento desse tipo: as pessoas, a cidade, o convívio, o ser humano. Como ela própria diz, um ser humano, um bebê, não pode importar menos que uma encenação de marketing de um mega evento esportivo.

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