Crescer no bairro do Brooklin, em Nova Iorque, entre a década de 1970 e 1980 não foi moleza para o fotógrafo Donato Di Camillo. “Tive que aprender a pensar rápido e usar o instinto das ruas”, ele conta. Não há dúvidas que, apesar da dura tarefa de sobreviver à pobreza e às intempéries da vida, essas duas habilidades são talentos essenciais da fotografia de Di Camillo.

Se seu trabalho é justamente retrato dessa relação direta, veloz e intuitiva com as ruas, é em parte por seu ofício de fotógrafo ser desdobramento das curvas mais duras que sua vida virou: Di Camillo aprendeu a fotografar sozinho na cadeia, ao longo dos seis anos em que passou preso – os motivos de sua prisão não parecem relevantes diante de sua obra, que fala mais alto – quando também estudou psicologia e o comportamento humano (elementos que aparecem juntamente com força em suas imagens).


Di Camillo fotografa as pessoas com quem se identifica, movido pelo que ele reconhece como uma “urgência” para se conectar e criar algo permanente de uma interação efêmera entre pessoas – personagens que, assim como ele, segundo o próprio, vivem “à margem da sociedade”. Em suas fotos, porém, são somente pessoas.
Donato Di Camillo é um artista com marca estética e discurso forte e único, muito como sua própria história – e das pessoas que ele fotografa que, no silêncio das fotos, enfim ganham voz. E gritam.











Todas as fotos © Donato Di Camillo