Ainda que o Comitê Olímpico Brasileiro pague aos atletas medalhistas prêmios iguais, de R$ 35 mil para esportes individuais e R$ 17,5 mil para esportes coletivos, a realidade por trás do total recebido por cada modalidade ilustra perfeitamente o fosse que há principalmente entre o futebol e as outras modalidades – e explica em parte a razão pela dificuldade de um país como o Brasil adentrar a elite dos recordistas de medalhas olímpicas.

Pois os atletas recebem, além do prêmio do COB, valores de suas confederações – e aí mora o disparate. Enquanto, por exemplo, a judoca Rafaela Silva recebeu os R$ 35 mil de prêmio oferecido pelo COB, os jogadores receberam da CBF um prêmio 14 vezes maior pela medalha de ouro: R$ 500 mil.

Já o canoísta Isaquias Queiroz, dono de três medalhas nos jogos do Rio (e o maior medalhista individual brasileiro em uma só edição das olimpíadas) receberá R$ 132 mil da Confederação Brasileira de Canoagem ao longo de um ano como prêmio.
A judoca de ouro Rafaela Silva
É natural supor que a CBF arrecade mais dinheiro que outras confederações no Brasil (ainda que seja irônico, no âmbito de uma olimpíada, pensar que o Brasil enfim ganhou seu primeiro ouro no futebol, enquanto diversos outros esportes, como vôlei, vela, judô ou, agora, canoagem, sejam muito mais vitoriosos). Essa realidade, porém, afeta diretamente o resultado de um país nos jogos. Para entrar no sonhado Top 10 dos países medalhistas, é fundamental que nenhuma medalha valha mais do que outra – simbolicamente e literalmente.

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