A prática de responsabilizar a vítima e naturalizar a agressão definitivamente não reconhece fronteiras, credos, classes sociais ou origens: todos a cometem. A mais nova recomendação do ministro da Cultura e do Turismo da Índia, Mahesh Sharma, é de que as turistas, entre outros “conselhos”, não usem saia, a fim de evitarem estupros. E não se tratou de uma mera fala fora de contexto: a recomendação será impressa em um folheto oficial, a ser entregue aos visitantes que chegarem ao país.
Mulheres indianas em protesto contra a prática de estupros no país
O tal folheto de “boas-vindas” recomenda também que turistas não saiam à noite nas pequenas cidades e, além de não usarem saias, que fotografem a placa de seus carros, pois são diversos os casos de taxistas envolvidos em assaltos, ataques e estupros de turistas no país. Segundo o ministro, o objetivo não é a imposição do que as mulheres devem vestir, mas sim lembrar que na Índia os credos religiosos são diversos.

As recomendações do ministro rapidamente foram contestadas pelo prefeito de Nova Délhi, membro da oposição, que, pelo twitter afirmou que as mulheres “tinham mais liberdade de se vestir na época das proibições do que nos tempos do atual primeiro-ministro Narendra Modi”.

O detalhe: a época das proibições a que se refere o prefeito data de quando os textos sagrados indianos foram escritos – há mais de 3.000 anos.

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Recentemente o Hypeness mostrou o café na Índia gerenciado por mulheres atacadas com ácido. Relembre.