Certas instituições brasileiras parecem existir para prejudicar a própria razão delas existirem – e, quase sempre, em benefício das próprias pessoas que cometem tais gestos. Passada a olimpíada – aonde as mulheres deram um show, para além de um ou outro eventual resultado objetivo, inclusive no futebol – a CBF anuncia a possibilidade de extinguir uma das poucas benesses que ela promovia para o futebol brasileiro: a seleção permanente de futebol feminino.

Diferentemente da masculina – que obviamente não precisa de incentivo e apoios especiais – a seleção feminina de futebol oferece pagamentos mensais às jogadoras, como funcionárias do escrete canarinho de mulheres. Para um dos “figurões” da federação, não há vantagem no modelo, visto que o resultado nos jogos não veio, nem elogios à iniciativa, sobrando apenas as contas para pagar.

Informações internas garantem, porém, que essa seleção permanente jamais existiu de fato. As carteiras assinadas, os salários fixos, os direitos e o investimento direto na seleção feminina foi parcial, não passando de vaga promessa, ainda que muitas das jogadoras tenham abandonado seus clubes para se dedicar ao projeto da seleção.

Em uma categoria nova e afogada em machismo e trato desigual, um projeto justo e a longo prazo é essencial para que qualquer futuro próspero possa surgir no horizonte.

Apesar das grandes jogadoras, das partidas excitantes e dos diversos bons resultados já conquistados pelas brasileiras, a CBF parece condenada a repetir a fórmula que a transformou numa das mais sujas e desrespeitadas instituições brasileiras: pelo futuro do futebol, nada; tudo para si e seus dirigentes. Não bastasse o machismo que rege a relação com o futebol feminino, agora falta de incentivo se torna oficial. Assistir uma modalidade tão promissora ser sufocada dessa forma é enorme tristeza para qualquer amante do esporte.

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Recentemente o Hypeness mostrou que as jogadoras da seleção feminina jogaram mais de um ano sem contrato com a CBF. Relembre.