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Nasci em meio à ditadura e, como muita gente, comecei a fumar maconha na minha adolescência, em plena década de 1980. Hoje, tenho 48 anos e muita história para contar, mas decidi começar te contando como era fumar maconha na época da ditadura (1964 a 1985) e como isso me fez criar a Ultra420, primeira loja de utensílios de maconha do Brasil.
Me chamo Alexandre Perroud e, desde cedo, me envolvi em diversos movimentos do underground da cena paulistana. Apesar de a maconha ainda não ser legalizada o Brasil, o cenário atual para quem é usuário já é bem diferente do que era há algumas décadas. A liberdade cada vez maior de poder portar seu baseado, entrar em uma headshop e escolher o sabor que quiser de blunt ou a seda que mais gosta… Quem não tem muito mais de 25 anos não tem ideia de como era antes.
Hoje, em muitos ambientes, já ‘pega bem’ falar que é maconheiro e bater no peito para dizer que é a favor da legalização, agora imagina isso nos anos 1980? Isso tudo que está acontecendo hoje, é fruto de muito tapa na cara e queimadura no corpo que nós “filhos da ditadura” levamos por estar fumando maconha na rua. Até porque, nenhum pai ou mãe permitia que os filhos fumassem em casa, todos tinham medo.
Naquela época, ser chamado de maconheiro era a mesma coisa que ser chamado de ladrão; éramos considerados vagabundos. Podíamos estudar, trabalhar e sermos responsáveis que bastava alguém saber que fumávamos que perdíamos todo o crédito. Então acredite, tudo que está acontecendo agora, fomos nós que plantamos lá atrás. Essa troca mágica de experiências que acontece hoje em dia, entre a minha geração e a sua, era inimaginável na minha adolescência.
Hoje em dia, ser maconheiro é fazer parte de uma tribo, assim como ser surfista, rapper, skatista, etc.
Na minha adolescência, a gente não podia se expressar. Era proibido dizer que a maconha não fazia mal e que era algo que ajudava as pessoas. Muita gente já sabia disso lá atrás, mas morria de medo de falar.
Como ainda não tínhamos uma constituição, as pessoas eram presas sem distinção. Podiam estar apenas fumando uma perninha de grilo ou levando um pezinho para casa que eram presos com penas altíssimas, como se fossem traficantes de grandes quantidades. Cansei de levar tapa na cara, ter que apagar o meu beck em alguma parte do meu corpo ou ainda, ter que engolir o baseado que estava fumando ainda aceso, só para não ser preso; fora a “caixinha” que tinha que pagar para poder ir embora e não rodar.
Quase sempre quem aparecia era a Rota, tropa de elite da polícia militar do Estado de SP. Ninguém sabia o que ia acontecer se tivesse que entrar naquele camburão, então ser pego não era uma opção.
A gente fumava no que dava, não existiam sedas, cachimbos etc aqui n Brasil, fora que o “chá” (como chamávamos) era um fumo de qualidade muito ruim, solto e farelento, que só chapava e nada mais. A coisa começou a melhor por aqui, depois do Verão da Lata, mas isso já é uma outra história, que fica para uma próxima vez.
Alexandre Perroud é pioneiro, aventureiro, ‘hempreendedor’ e acredita transformar sonhos em realidade. Criador da Ulltra420, tem como hobby escalar vulcões ativos.
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