O drama dos refugiados advindos de países em guerra como a Síria comove e levanta o debate pelo mundo inteiro. Terrível é lembrar que não são só conflitos e invasões militares que fazem com que pessoas tenham de abandonar suas casas e terras sem terem para onde ir – e que alguns dessas histórias se sucedem aqui mesmo, no Brasil, como é o caso dos refugiados da Amazônia paraense, por conta da construção da usina de Belo Monte.

Famílias inteiras, que viviam à beira do rio, no Xingu, na zona rural da região ou em áreas urbanas de Altamira, foram retirados de suas casas e enviados para territórios que não reconhecem e nos quais não se reconhecem – sem que participassem dessa decisão, ou sequer fossem ouvidos. Indenizações ou cartas de crédito foram oferecidos, mas que muitas vezes o valor não permitia que as pessoas reconstruíssem suas vidas. Tal invasão gerou uma elevada quantidade de sofrimento e até, em certos casos, adoecimento.
O projeto Refugiados de Belo Monte, capitaneado pela jornalista Eliane Brum, procura construir um modelo de suporte em saúde mental a ser oferecido justamente para essa população ribeirinha e seus refugiados. Batizado de “Clínica de Cuidado”, trata-se de um grupo de terapeutas, que trabalharão sem fins lucrativos, para atender essas pessoas, ceifadas de suas próprias estruturas vitais.


Ainda que os trabalhos sejam voluntários, é preciso cobrir os diversos custos envolvidos, como passagens aéreas, hospedagem, alimentação e transporte, pelo período de 15 dias na região, no qual a Clínica atuará. E para isso uma campanha de financiamento coletivo foi preparada, a fim de cobrir esses custos e levar um pouco de assistência e saúde às pessoas que, se antes já não tinham muito, agora perderam o que a todos há de ser essencial: o direito a uma casa, e uma identidade alinhada ao local onde se quer viver.



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Recentemente o Hypeness mostrou a campanha Gota d’Água, contra a construção de Belo Monte. Relembre.