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Por dois dias seguidos, Polícia Militar joga bombas de gás em bar de refugiados palestinos em SP

02 • 09 • 2016 às 09:25
Atualizada em 02 • 09 • 2016 às 09:45
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Na última quarta-feira (31), dia em que ocorreu uma grande manifestação contra o impeachment de Dilma Rousseff em São Paulo, o bar e restaurante palestino Al Janiah, no centro da capital, foi alvejado por bombas de gás lacrimogêneo que atingiram clientes e funcionários.

A ação violenta, de responsabilidade da Polícia Militar, foi relatada em um post publicado na página do estabelecimento no Facebook. Segundo o texto, nenhum protesto acontecia na rua do restaurante e nenhum outro estabelecimento foi atacado:

Não acontecia nenhum tipo de protesto ou movimentação na rua e apenas nosso estabelecimento sofreu o ataque. Quando alguns membros da nossa equipe saíram e avisaram aos policiais que ali era um bar e restaurante, eles mandaram mais duas bombas. A jam session, com músicos de diversos países do mundo, que acontecia foi brutalmente interrompida”, diz parte do comunicado.

Em entrevista concedida ao G1, o proprietário do local, Hasan Zarif, afirmou que o Al Janiah é “frequentado por muitos refugiados e pessoas de alinhamento político de esquerda” e, no momento do ataque, seguia com uma programação cultural normal, sem ligação com os protestos.

Cerca de quatro bombas foram jogadas na calçada do restaurante, de cima do Viaduto Nove de Julho. Parte dos clientes que estava na porta do estabelecimento entrou em busca de refúgio. Zarif afirma que gritou, avisando a polícia que se tratava de uma aglomeração de clientes do restaurante, não manifestantes.

Segundo pessoas que estavam no local o ato foi totalmente arbitrário, pois as pessoas que estavam ali nem sequer estavam se manifestando. Houve relatos de empurra empurra, correria, pessoas passando mal e muito desespero.

Na publicação do Facebook, o estabelecimento pede para quem tiver vídeos e fotos do ocorrido os envie: “Quem tiver fotos ou vídeos do momento, por favor nos envie em mensagem inbox. Quem estava lá e quiser compartilhar seu relato, por favor nos envie por mensagem inbox.”

A publicação teve grande repercussão e entre centenas de compartilhamentos e comentários, algumas pessoas presentes também se manifestaram.

Eu nunca tinha visto isso. A PM jogar bomba em algum lugar onde não esteja acontecendo manifestação“, escreveu um deles. “Acabei de flagrar bombas de gás lacrimogêneo lançadas sobre um bar de refugiados“.

Abaixo um vídeo mostra parte do ataque ao restaurante:

Contrariando quem acreditava que as bombas teriam sido jogadas por engano, nesta-quinta-feira (1) o restaurante foi novamente alvo da violência da Polícia Militar. Novas bombas de gás foram jogadas no local.

Uma foto tirada no momento do ataque, registrada por Luiza Sigulem que estava no local, mostra pessoas tentando se proteger dos efeitos do gás. “Dentro do Al Janiah agora, criança, bebê, polícia jogando bomba“, escreveu junta à imagem publicada no Facebook.

Fotos: Luiza Sigulem e Reprodução Facebook

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