Reconhecida por ter publicado fotos de mulheres nuas durante anos em suas páginas, a Playboy está inovando há algum tempo seu modelo de negócio. A intenção é justamente não tratar o corpo feminino como um objeto. Recentemente, a revista deu destaque a uma mulher muçulmana usando hijab – e as reações à publicação foram tão controversas quanto era de se esperar.
A repórter muçulmana Noor Tagouri ganhou destaque na edição de setembro da revista como parte da série Renegades of 2016, em que a publicação pretendia dar voz a pessoas que arriscaram tudo pela sua carreira. Noor é descendente de libaneses e está prestes a se tornar a primeira âncora televisiva que usa hijab nos Estados Unidos.
Mesmo aparecendo vestida na revista e sendo entrevistada apenas sobre sua carreira, ela está causando polêmica entre a comunidade muçulmana. Desde a publicação, muitas pessoas já apoiaram a repórter, enquanto outras repudiaram o fato de ela participar de uma edição da revista, que exploraria a pornografia, condenada pelos adeptos da religião.

O site Distractify pontua bem a ironia do problema: o hijab costuma ser usado pelas mulheres para que elas não sejam vistas de maneira sexualizada, de forma que as pessoas se importem mais com sua personalidade e suas ideias do que com seu visual. Foi justamente o que aconteceu com Noor. Na entrevista concedida à Playboy, ela respondeu perguntas sobre sua carreira e motivações, posando para fotos vestida e com seu hijab.
Mesmo assim, muitas pessoas (em sua maioria homens) pontuaram que, ao dar uma entrevista a uma publicação que explorou a pornografia durante anos, ela estaria apoiando a revista, o que, segundo eles, seria errado de acordo com as leis islâmicas. Por outro lado, algumas pessoas mostraram uma grande admiração pela coragem de Noor em trazer o assunto à tona e mostrar que as mulheres muçulmanas podem fazer o que quiserem e continuar respeitando sua religião.
De certa forma, ela conseguiu atingir justamente o que o hijab se propunha: ser notada por suas ideias e não por sua aparência. Veja a entrevista completa clicando aqui.