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O bairro do Bixiga é um dos mais tradicionais de São Paulo. Marcada pela imigração italiana, a região no centro da cidade é conhecida por suas inúmeras cantinas, espaços culturais, festas de rua (como da Achioropita) e arquitetura histórica. Desde 2006, seus muros e fachadas ganham novas cores com o Dia do Graffiti, que celebra a arte de rua e trecho paulistano tão amado.
Em 2014, o Hypeness também colou lá para ver os artistas em ação. A gente repetiu a dose porque sim, é um evento muito legal, que dá vida às ruas e aproxima as pessoas do cenário cultural local. Em sua 10ª edição, o evento prestou homenagem ao Mestre Ananias, baiano que deixou um grande legado aos paulistanos dentro do teatro e da capoeira, trazendo à terra da garoa um pedaço do patrimônio negro, que faz parte do DNA do bairro. Falecido em julho deste ano, ele fundou a Casa do Mestre Ananias, focada em samba e capoeira.
Assim, o palco do evento na Rua 13 de Maio contou com apresentações do grupo e apresentações do Sarau Suburbano, Velha Guarda da Vai-Vai, Siba, Nomade Orquestra e Bixiga 70, além de discotecagem. Nos arredores, a Praça Don Orione, o Teatro Sérgio Cardoso, o Mundo Pensante e o Espaço de Cultura Bela Vista integraram a programação com música, oficinas, poesia e intervenções artísticas.
A Kombi do Rap parou por lá e cheguei na hora em que GGF A Família dominava o microfone. Com letras engajadas que falam, entre outros temas, sobre a adultização da infância, o grupo é formado por uma família mesmo, Daniel Galdino, Debora Guerra, Ester GGF e Gustavo 3G, onde todo mundo rima e manda um som pesado.
Enquanto isso, os muros do bairro eram tomados por uma explosão de tintas e manifestações que dão voz aos sprays. Pelas ruas 13 de Maio, Santo Antônio, Conselheiro Carrão e arredores pintaram nomes conhecidos dentro do graffiti paulistano, como Magrela, Mari Mats, Cadu Mendonça, Paulo Ito e Mauro Neri, que usou a asfalto como tela. Mas, como toda a liberdade que a vida permite, foi um espaço aberto para todos que conseguissem um pedaço de parede para chamar de seu.
Bomb, tags, pixação e até mesmo linhas invadiram o rolê com suas expressões artísticas. Restos de um carro foram cobertos pelo projeto Teia Urbana, do estudante de arquitetura e urbanismo Felipe Pelikian, que usa linhas de crochê para criar intervenções urbanas pela cidade. O mesmo é feito pelo coletivo Meio Fio, que deixou um registro neon nas paredes do Bixiga.
Com início às 11h e encerramento às 22h, foi um dia cheio de arte, interação com o espaço público, ocupação urbana, troca de ideias, feira independente, música brasileira, cultura afro, forte presença feminina, memórias e um rastro de cores que fica para a vida inteira. Ou, ao menos, até a próxima edição. O Bixiga é um bairro realmente especial, que merece mais atenção do poder público, mais preservação, mais passeios, mais luz, pra poder seguir em frente por muitas e muitas gerações.
Quem quiser colaborar, pode ajudar a galera a pagar as contas do evento por meio de financiamento coletivo no Catarse. Clique aqui para saber mais.
Todas as fotos © Brunella Nunes
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