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Em São Paulo você pode fazer uma pequena volta ao mundo quando se trata de culinária: há restaurantes de comida típica portuguesa, mexicana, indiana, japonesa… e, desde agosto, é possível também conhecer o sabor da comida congolesa, graças ao esforço de Pitchou Luambo, que veio para o Brasil há seis anos.
O cozinheiro deixou a República Democrática do Congo (não confundir com o vizinho Congo, ou Congo-Brazzaville) em 2010, por causa das dificuldades trazidas por conflitos armados, mas não pôde exercer a advocacia, sua profissão, por questões burocráticas.
Ele, que trabalhava defendendo vítimas de violência sexual em seu país, trabalhou como operador de empilhadeira e professor de francês em São Paulo, além de se dedicar a ajudar outros refugiados, como ele, que, por causa da falta de documentação, acabam aceitando empregos que os colocam em condições de trabalho ilegais.
Mas os refugiados também podem oferecer muita cultura, e é por isso que Pitchou coordena o Grupo de Refugiados e Imigrantes Sem Teto, organizando eventos para mostrar do que eles são capazes – mais do que ajuda, o chef diz que o que os refugiados desejam são oportunidades. É nesse contexto que surgiu o Congolinária, onde ele e sua filha apresentam os sabores da comida típica de seu país natal.
A ideia de Pitchou é apresentar os alimentos consumidos no dia a dia das famílias de seu país. Por lá, raramente se come carne ou outros alimentos de origem animal, dando preferência aos vegetais. Para ele, a questão é tão prática quanto ideológica, e seus pratos, garante, mostram que é possível se alimentar muito bem assim.
O Congolinária fica dentro do Quintal de Casa, um espaço gastronômico no Itaim Bibi onde é possível experimentar também comida árabe e mexicana, entre outras opções. Mas o box mais disputado é mesmo o comandando por Pitchou, o único que formava fila.
Você pode escolher porções individuais, como o Pilao, receita típica de arroz com repolho, cenoura, gengibre e especiarias, e o Fufu, tipo de polenta feita com farinha de mandioca e fubá, ou refeições que combinam as receitas. Os combos acompanham também suco e sobremesa, e quem não está com tanta fome pode optar pelas Sambusas, salgados recheados de berinjela, abobrinha, shimeji, shitake ou tomate.
Experimentei o Ngombe, nhoque de banana da terra ao molho de shimeji, e o Simba, que junta Pilao, Kachori (bolinho de batata recheado com shimeji), couve na pasta de amendoim e uma saladinha de cenoura e repolho ralados. Como Pitchou tinha me dito, o toque congolês está mais no modo de preparar do que nos ingredientes: são alimentos que costumamos comer por aqui, mas com sabores aos quais não estamos acostumados.
Ngombe: nhoque de banana da terra ao molho de shimeji
O nhoque de banana da terra é macio sem ser massudo, e o molho adocicado, com shimeji e cebola roxa, muito bom. O arroz ao estilo congolês era gostoso o suficiente para ser comido sozinho, mas com a couve na mwamba fica melhor ainda. Além de saborosa, a comida satisfaz, comprovando a promessa do chef de que a refeição 100% vegetal é super nutritiva.
Simba: Pilao (arroz com repolho, cenoura, gengibre e especiarias), Kachori (bolinho de batata recheado com shimeji), couve na pasta de amendoim e salada de cenoura e repolho ralados
Mbuzi: Fufu (polenta de mandioca e fubá), couve na pasta de amendoim e banana da terra frita
Cada prato do combo acompanha uma bebida: Tangawisi, bebida típica africana de gengibre e abacaxi, com propriedades afrodisíacas, que pode vir também com cachaça, ou o suco do dia, que, quando fui, era de manga. Só faltou a Omomba de sobremesa, um doce de biomassa de banana da terra e pasta de amendoim que acabou antes do esperado – a combinação do feriado de 12 de outubro com a fama repentina que o Congolinária ganhou teve seus efeitos colaterais.
Tangawisi, suco de gengibre com abacaxi, e suco de manga
Pitchou aproveita o interesse pela gastronomia de seu país para informar sobre a situação difícil enfrentada por seus moradores. No verso do folheto com os pratos há um texto sobre como as riquezas minerais do Congo estão no centro de conflitos armados que aterrorizam a população.
Para fechar, aproveitando que era dia das crianças, após a refeição ganhamos uma Abayomi (Abay quer dizer encontro, e Omi, precioso), boneca criada no Brasil durante a escravidão para trazer alegria aos jovens. As mulheres negras confeccionavam os brinquedos usando pedaços de suas saias para entreter as crianças.
Ficou com vontade de conhecer o Congolinária? Ele fica dentro do Quintal de Casa, na Avenida Doutor Renato Paes de Barros, 484, no Itaim Bibi, em São Paulo. De segunda a quinta-feira, funciona das 12 às 16 horas, às sextas, das 12 às 22, e aos sábados das 12 às 19. Vale a pena a visita!
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