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Muitos resistiram à ditadura que assolou o Brasil a partir do ano de 1964 das mais diversas maneiras. Treze desses heróis, porém, o fizeram vestindo salto alto, perucas, maquiagem pesada e vestidos justos e coloridos, mesmo sendo, todos os treze, homens. Sem depilar o corpo, nem tentar apagar sua masculinidade, mas dançando e cantando com graça e estilo revolucionários, os Dzi Croquettes desafiaram a criminosa moral do regime militar como o grupo de dança mais controverso e importante da década de 1970 no Brasil.
Nascidos do encontro entre o coreógrafo norte-americano Lennie Dale com o ator e dramaturgo Wagner Ribeiro, os Dzi Croquettes trazia um pouco do movimento hippie, um tanto do movimento gay, sob influência da música e da dança americanas, contra o conservadorismo e em nome da liberdade.
Acima: o coreógrafo Lennie Dale; abaixo: Lennie em ação no Dzi
Treze homens, devidamente barbudos e peludos, escandalosamente vestidos de mulher, cantando e dançando sob pesada maquiagem e coreografia leve. O texto relatava a experiência de vida daqueles jovens no início dos anos 1970, carregados de ironia e duplo sentido, alcançando um resultado exótico, inesperado e desafiador. O slogan do grupo perfeitamente o define: “Com a força do macho e a graça da fêmea”.
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O primeiro show do Dzi estreou em 1972 e, provavelmente por total incapacidade de compreender o que estava acontecendo, a censura não deu maiores atenções à apresentação. A ideia de Lennie, porém, era sim de desafiar os padrões estabelecidos, sob o lema de que a vida era (ou deveria ser) um cabaré. Trazendo a vanguarda da cultura trans e até do glam para o Brasil, misturando-a com a cultura do cabaré e dos musicais americanos da época, as apresentações do Dzi rapidamente conquistaram o público.
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Os 13 membros do Dzi passaram a viver juntos em um casa em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, onde passavam boa parte do dia ensaiando as coreografias dos espetáculos. Com o sucesso, a inevitável censura e perseguição enfim veio. No auge do sucesso no Brasil, em pleno regime militar, o grupo foi expulso do país. Sem perder o brilho, começaram então uma série de shows pela Europa.
Os anos de 1973 e 1974 foram de longas temporadas europeias. Aos poucos, apesar da inicial resistência conservadora que também enfrentaram na Europa, os Dzi foram conquistando públicos cativos e especiais e, com a ajuda de admiradores como o cantor Mick Jagger, o ator Omar Sharif, a atriz Catherine Deneuve, o estilista Valentino, a atriz Josephine Baker e principalmente a atriz e cantora Liza Minnelli – que acabou se tornando a madrinha do grupo – o Dzi Croquettes alcançou estrondoso sucesso do outro lado do Atlântico.
Quando o convite para migrarem para a Broadway, em Nova York, chegou, veio também o desejo de voltar ao Brasil. Um convite para uma apresentação na Bahia precipitou a volta – e foi esse o começo do fim.
Nem todos do grupo queriam voltar ao Brasil, e certos desentendimentos entre alguns membros e o coreógrafo levaram Lenni a deixar o grupo. Por quase duas décadas, apesar do estrondoso sucesso e da importância comportamental e discursiva da existência de tal gesto em um período tão árido, duro e sombrio quanto o regime militar (potencialmente comparável somente ao significado do sucesso de uma banda como os Secos e Molhados) os Diz Croquettes ficaram esquecidos na característica amnésia cultural do Brasil.
O documentário “Dzi Croquettes”, de 2009, dirigido por Tatiana Issa e Raphael Alvarez, no entanto, trouxe de volta o grupo para os olhos, corações e quadris do público. O filme ilumina justamente a importância, a coragem e o significado de realizar tal grupo em um período tão dramático da história brasileira.
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A partir de então, Ciro Barcelos, um dos Dzi originais, decidiu por remontar o grupo, e trazer de volta o espírito do grupo em uma versão contemporânea. E é essa nova versão dos Dzi – com Ciro como coreógrafo e líder do grupo – que estreou no último dia 3 no Teatro Augusta, em São Paulo, para comemorar os 45 anos do grupo. A sensualidade, o vigor, o humor, as paródias, a sátira política, existencial, sexual e social estão todas lá.
Junto do espetáculo, uma exposição mostrando a trajetória do grupo abrilhanta o hall do teatro. As apresentações acontecem às quartas e quintas feiras até o dia 15 de dezembro. O Teatro Augusta fica na Rua Augusta, 943, Consolação. A classificação é 14 anos, e a indicação é pra todos que precisem de uma dose vital de liberdade.
© fotos: divulgação
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