Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, 5,5 milhões de crianças brasileiras matriculadas em escolas não têm o nome do pai em seus registros de nascimento. É daí que vem o nome do documentário Todos Nós 5 Milhões, que pretende discutir o tema do abandono paterno no Brasil.
A equipe de produção do filme vem trabalhando na pesquisa e planejamento do projeto há um ano e meio, e recentemente lançou uma campanha de financiamento coletivo para tirá-lo do papel. O Hypeness falou com Alexandre Mortágua, roteirista e diretor do documentário, para saber mais.
Segundo ele, um dos objetivos de Todos Nós 5 Milhões é levantar o debate a respeito do papel do homem na sociedade. “O abandono paterno não é necessariamente um ato de alguém maldoso. É algo inserido em um contexto, na forma como se encara a paternidade e os papéis da mãe e do pai na criação dos filhos”.
TODOS NÓS 5 MILHÕES – MARCO from O BAILE on Vimeo.
Alexandre ressalta que os números podem ser ainda mais expressivos: “Esses cinco milhões e meio consideram só as crianças que estão na escola. Não contam as que não estão matriculadas, nem os adultos ou idosos que nunca conheceram seus pais”.
As entrevistas para o documentário incluem homens e mulheres que nunca tiveram o nome de seus pais em seus documentos, além de especialistas no assunto, como psicólogos e a advogada Ana Cristina Greim, que falam sobre os aspectos em que o abandono paterno influencia a vida dos filhos.
As mães também serão entrevistadas, para expor suas histórias e as dificuldades do processo de busca do reconhecimento da paternidade, muitas vezes enfrentando o preconceito e situações vexatórias, como serem taxadas de interesseiras por buscas os direitos de seus filhos.

Além da parte documental, Alexandre e a equipe, composta pela produtora Luana Alves e a roteirista e assistente de direção Sara Mariel, pretendem filmar uma história fictícia baseada nos aprendizados trazidos pela produção de Todos Nós 5 Milhões, construindo uma narrativa baseada na experiência de vida de uma criança que não conheceu o pai.
Para completar, eles têm como objetivo organizar palestras de consultoria jurídica sobre o reconhecimento paterno, oferecendo inscrição gratuita para mães em situação de vulnerabilidade social.

Gostou do projeto? Você pode ajudar a tirá-lo do papel acessando a campanha no Catarse.