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Acordar na segunda-feira de manhã, depois de um final de semana agradável, e ter que encarar uma semana inteira de trabalho não é uma ideia que agrada muitos brasileiros. Garantir as contas pagas e o sustento do mês é necessário, mas a extensa jornada de 44 horas semanais (oito horas por dia, sem contar a pausa para a refeição) deixa qualquer um de cabelo em pé. Por outro lado, as empresas têm suas metas a cumprir e, justamente por isso, tentam manter seus funcionários motivados e contentes com o trabalho.
Na Califórnia (EUA), por exemplo, o CEO da Tower Paddleboards, uma fábrica de pranchas de Stand Up Paddle, acabou com a jornada de oito horas de trabalho e deu aos funcionários uma jornada de cinco horas. Além de dar um “alívio”, a ideia era tentar capitalizar a satisfação dos empregados e garantir melhor rendimento da empresa. E não é que deu certo? Em um período de teste de três meses, em 2015, o rendimento da Tower aumentou em 42% e o lucro pouco mais de 30%.
Em entrevista ao HuffPost, o fundador e CEO da Tower, Stephan Aarstol, afirmou que a iniciativa surgiu depois de uma reflexão sobre o trabalho na sociedade moderna. De acordo com Aarstol, a jornada que usamos hoje foi criada durante a Revolução Industrial, desenvolvida para o trabalho braçal, mas isso mudou e boa parte das pessoas trabalha em mesas e usa computadores, exigindo mais da mente e menos do corpo.
Para os funcionários da empresa, a redução da jornada de trabalho para cinco horas proporciona tempo livre para fazer o que gosta, cuidar da casa e da família e buscar novos interesses fora do emprego. Mas um detalhe é fundamental: segundo o CEO, reduzir a carga horário não significa diminuir o salário dos trabalhadores. É preciso continuar o mesmo pagamento – ou até aumentá-lo – para manter o interesse e a produtividade da equipe.
Foi também no ano passado que o governo da Suécia decidiu reduzir a jornada de trabalho de oito para seis horas diárias, sem redução de salário. Não demorou para os resultados aparecerem. Em um ano, houve redução de faltas, aumento da produtividade e melhora até mesmo na saúde dos empregados.
Moradores de Estocolmo, capital da Suécia, têm mais tempo livre para aproveitar a cidade (Creative Commons/Pixabay)
Quando a medida foi anunciada, parte dos empresários suecos temia que a redução da jornada os obrigasse a contratar mais funcionários, mas o que se viu foi uma melhor eficiência dos trabalhadores e o consequente aumento das receitas.
Na Espanha, a empresa de distribuição de gás e geração de energia elétrica Iberdrola escolheu um caminho um pouco diferente, mas também obteve excelentes resultados. Desde 2008, a empresa estabeleceu a chamada ‘jornada de trabalho intensiva’ para seus mais de 9 mil funcionários, com 7 horas diárias e a flexibilidade de 45 minutos para escolher a hora de entrada e saída.
A experiência deu certo e é mantida até hoje pela Iberdrola. Segundo o diretor de recursos humanos da empresa, em entrevista ao El País, houve melhora na produtividade, redução das faltas em 20% e dos acidentes de trabalho em 15%.
A Torre Iberdrola, em Bilbao (Espanha), é um dos marcos da redução da jornada de trabalho (Creative Commons/Wikipedia)
Cotidianamente, somos marcados por um ritmo frenético, que gira em torno do trabalho e do deslocamento, com horários definidos até para nosso tempo livre – aquele em que se pode ir ao cinema, jantar em um restaurante ou passear com a família. Além do aumento da produtividade e da redução de faltas e casos de doenças entre os trabalhadores, a diminuição da jornada de trabalho apresenta benefícios para a sociedade “refém” do tempo.
Todavia, assim que assumiu a presidência da República, no dia 31 de agosto de 2016, Michel Temer anunciou a controversa proposta de reforma trabalhista que prevê o aumento da jornada de trabalho para 48 horas semanais, sendo até 12 horas por dia (hoje, o limite é 44 horas semanais e oito horas diárias), e o contrato por produtividade, entre outras mudanças.
Segundo o presidente, a medida poderá dinamizar a economia brasileira, mas as experiências de empresas estrangeiras citadas acima mostram que a redução da jornada de trabalho pode ser mais benéfica às empresas e aos trabalhadores.
No Brasil, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) também defende há, pelo menos, 10 anos a redução da jornada de trabalho sem redução salarial. Segundo o órgão, esse é um instrumento importante, principalmente em momentos de recessão econômico e alta taxa de desemprego (atualmente, está em cerca de 12%, segundo o IBGE), para “preservar e criar novos empregos de qualidade e também possibilitar a construção de boas condições de vida, além de impulsionar a economia e dinamizar o mercado de trabalho”.
A medida também amenizaria um dos grandes problemas nas maiores cidades do país, o tempo de deslocamento de casa para o trabalho, que muitas vezes passa de três horas (ida e volta), mas não é computado como hora-trabalho. Com uma jornada de oito ou nove horas e mais de três horas de deslocamento, sobra apenas metade do dia para os trabalhadores cuidarem da casa, da família e amigos, se dedicaram a seus hobbies, resolverem burocracias, estudar e dormir.
Quem também se beneficiaria com a redução da jornada de trabalho são as mães e os pais, que não precisariam se preocupar em encontrar creches de período integral e poderiam participar mais ativamente da educação das crianças em fase de desenvolvimento.
A diminuição da carga horária dos postos de trabalho no Brasil ainda é raridade, mas algumas empresas tomaram outras medidas para tentar proporcionar melhor qualidade de vida a seus empregados. Há lugares, por exemplo, que permitem que o funcionário escolha um dia do mês para folgar (além dos finais de semana) ou que liberam os empregados mais cedo na sexta-feira.
Com redução da jornada ou não, o desafio das empresas é manter os funcionários descansados, interessados e dedicados para não só manter, como aumentar a produtividade. E você, já encontrou um emprego que respeita sua vida particular?
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