Hypeness

A pornografia pode ser totalmente explicita, mas muitas vezes o que sobra de detalhe e close falta em naturalidade, intimidade, proximidade e calor humano – tudo aquilo que faz do sexo a maravilha que ele é. Para Richard Lawrence e Lauren Olney, criadores do projeto Beautiful Agony (Linda agonia), esse curioso paradoxo entre a infinita oferta de pornografia explicita que a internet nos permite acessar, e a falta desses elementos afetivos essenciais para o prazer real levanta uma questão fundamental: o que será que realmente nos excita? Eles chegaram a uma resposta no mínimo curiosa.

Para os dois, o que realmente excita o ser humano, mais do que partes do corpo ou fantasia é o rosto de outro ser humano sentindo o prazer de atingir o orgasmo. Foi partindo dessa premissa que o site Beautiful Agony foi criado, um projeto que opera na exata direção oposta à regra da pornografia na internet: são vídeos que mostram o auge do sexo, de maneira frontal e sem filtros, mas sem mostrar nada – nada além de justamente o rosto humano durante o orgasmo. O verdadeiro erotismo migraria do corpo para focar no rosto.

O site é abastecido pelos próprios usuários, que se filmam enquanto transam ou se masturbam, mas somente suas expressões faciais e o som de sua voz enquanto alcançam o clímax sexual. Mulheres e homens (maiores de idade) assistem e transmitem suas intimidades mais profundas – o close nas expressões que só quem estivesse de fato na cama com eles veria – sem, no entanto, mostrar sequer seu corpo.

Nada além de um rosto, que ao simplesmente se expressar de certa maneira e emitir certo som, migra de um rosto comum para a excitante imagem do prazer sexual. Se essa é mesmo a grande fonte do tesão é impossível de confirmar – mas o resultado, sem sequer exibir nudez, é de fato excitante ao ponto de nos colocarmos em questão: onde mora afinal essa nossa deliciosa obsessão?

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