Pouca coisa pode ser tão difícil quanto ter de sair do seu próprio país contra sua vontade, para recomeçar toda uma vida longe de casa, da família, dos amigos e dos trabalhos, e em uma língua que se desconhece. Esse infelizmente é um cenário cada vez mais comum para os milhares de refugiados árabes que são obrigados a deixar seus países a fim de simplesmente se manterem vivos. A história do casal Nawras e Basma El Halabi, que vieram sozinhos tentar a vida no Brasil, possui, porém, uma boa curva: aqui eles se conheceram, se apaixonaram em terras brasileiras, e agora lutam para reconstruir suas vidas cozinhando juntos as delícias da culinária árabe.

Nawras é sírio, e em Damasco trabalhava como jornalista. Basma é do Marrocos, e já vinha trabalhando como chef em grandes hotéis e restaurantes da cidade de Casablanca. A guerra rapidamente devastou a Síria, deixando a vida de Nawras sob permanente ameaça. Não havia outro jeito, ele teria de deixar seu país. Basma já havia tentando a vida na Europa, e no Marrocos ela já havia estudado gastronomia, turismo e hotelaria, mas o preconceito contra refugiados a deixou também sem opção. Quando veio visitar a irmã, casada com um brasileiro, Basma conheceu seu futuro marido – que já estava aqui tentando recomeçar – e a receptividade do povo brasileiro fez o casal não ter dúvidas: decidiram ficar no Brasil.

Juntos o casal abriu o Basma – Cozinha e cultura do Oriente Médio, uma barraca onde vendem especialmente comidas sírias e marroquinas. O Basma hoje é localizado em um Food Park no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo, chamado Quintal da Casa.

Rapidamente o público foi se fidelizando, e o negócio de Basma e Nawras foi crescendo a medida que o casal ia enchendo cada vez mais barrigas com receitas exóticas, elaboradas e mais refinadas do que o que costumeiramente pensamos sobre comida árabe.

O sucesso da comida começou a fazer com que os sonhos do casal atingissem patamares mais altos – e foi atrás desse sonho que foram até o programa ‘Shark Tank Brasil – Negociando com tubarões’, a fim de seduzir um dos investidores do programa a entrar de sócio com eles em um novo restaurante.

O desejo do casal, ao chegar no programa, era de abrir um restaurante de fato, para poder reverter parte do lucro a uma associação de mulheres refugiadas que pretendem criar, a fim de ajudar outras pessoas na mesma situação em que Basma se encontrava quando chegou aqui. A história de resiliência, resistência e força do casal comoveu até mesmo os mais frios tubarões do mundo dos investimentos.

Em sua maioria filhos ou netos de imigrantes, a bancada do Shark Tank, sempre tão atenta aos números e projeções a fim de decidir em qual empreendimento investir, dessa vez precisou enxugar as lágrimas. A simpatia de Basma e seu marido ajudou a derreter os corações de cada tubarão presente. Por fim, Robison Shiba, dono das redes Gendai e China In Box, ofereceu uma contraproposta: que ele pagasse por um Food Truck somente do casal, e que, aos poucos, sem juros e no tempo que conseguissem, ele fossem lhe devolvendo o investimento. O casal de chefs árabes topou, e o Shark Tank Brasil pôde assim mostrar também um sentido mais humano nas relações de negócio que realiza.

O programa vai ao ar toda quinta-feira, às 21hs no Canal Sony, mudando e até mesmo salvando vidas de empreendedores que às vezes investem não só pelo lucro ou pelas próprias vidas, mas também para ajudar ao seus iguais.

