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por: Vitor Paiva
O Carnaval, em especial o carnaval de rua, é uma das expressões populares que mais compõe aquilo que entendemos como a identidade cultural brasileira. Em sua essência se trataria de uma festa livre e democrática, que justamente dilui barreiras, reunindo classes sociais e gêneros diversos em uma mesma catarse da carne – os dias em que a cidade se permite entrar em um ébrio estado de comunhão e alegria.
Junto da festa, no entanto, todo ano ressurge o debate a respeito de certos traços racistas, homofóbicos, sexistas ou misóginos que se percebem em algumas marchinhas de carnaval ao longo de tantas décadas. Tal questão rapidamente costuma ser afogada na radicalização total, para qualquer lado, impedindo assim maiores reflexões. Separamos aqui algumas dessas marchinhas antigas, que trazem esse passado que naturalizava mais do que hoje tais afirmações. Junto dessa seleção, apontamos outras marchinhas que não ofendem, excluem ou reafirmam marcas terríveis sobre preconceitos no país.
A impressionante divisão racial no carnaval de Salvador – dentro e fora da corda
A impressionante divisão racial no carnaval de Salvador – dentro e fora da corda
Apontar a existência do racismo ou o incômodo com a misoginia ou a homofobia não é censura, mas sim, a democrática expressão de um olhar crítico – uma posição. O exercício do debate é fundamental para que o país – qualquer país – se transforme e caminhe. Assim, escutar o outro lado, o lado que se ofende ou que percebe tais práticas, é essencial, antes de se concordar ou não. O apontamento da questão nas marchas não conclui necessariamente que o autor das canções é preconceituoso – mas sim, sublinha como, em um passado recente, esse tipo de trato era comum e natural, e o quanto isso ainda pauta e influencia as relações sociais hoje.
A cultura é algo necessariamente construído, por mais tradicional que seja, e portante está sempre sujeita ao questionamento e a novas posições. Se devemos ou não cantar tais marchinhas no carnaval, essa é a segunda etapa do debate. Negar que exista racismo, misoginia, homofobia ou outros traços de preconceito parece ser, contudo, simplesmente cegar-se em negação.
A inclusão de marchinhas não preconceituosas nessa lista se dá para justamente lembrarmos que sim, é possível curtir o carnaval, reverenciando sua tradição e lançando-se na festa sem ofender ninguém.
6 marchinhas ofensivas – e seus trechos mais evidentemente preconceituosos
Black face é racismo sim!
O Teu cabelo não nega (Lamartine Babo)
(Trecho)
O teu cabelo não nega, mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, eu quero o teu amor
Maria Sapatão (João Roberto Kelly)
(Trecho)
Maria Sapatão
Sapatão, Sapatão
De dia é Maria
De noite é João
Cabeleira do Zezé (João Roberto Kelly)
(Trecho)
Olha a cabeleira do Zezé
Será que ele é?
Será que ele é?
(…)
Parece que é transviado
Mas isso eu não sei se ele é!
Corta o cabelo dele!
Dá Nela (Ary Barroso)
(Trecho)
Esta mulher
Há muito tempo me provoca
Dá nela! Dá nela!
(…)
Agora deu para falar abertamente
Dá nela! Dá nela!
Mulata Bossa Nova (João Roberto Kelly)
A inclusão dessa marchinha não se dá por algum trecho em especial, mas pelo uso da palavra ‘mulata’, que tem sua origem etimológica na derivação da palavra ‘mula’ – “animal híbrido, estéril, produto do cruzamento do cavalo com a jumenta, ou da égua com o jumento”.
Índio quer apito (Haroldo Lobo/ Milton de Oliveira)
(Trecho)
Ê, ê, ê, ê, ê, Índio quer apito
Se não der, pau vai comer!
Lá no bananal mulher de branco
Levou pra pra índio colar esquisito
Índio viu presente mais bonito
Eu não quer colar! Índio quer apito!
E 6 marchinhas tradicionais livres de preconceitos
Abre Alas (Chiquinha Gonzaga)
Chiquita Bacana (Braguinha)
Ô Balance Balance (Braguinha)
A Jardineira (Humberto Porto/ Benedito Lacerda)
Turma do Funil (Mirabeau/ Milton de Oliveira/ Urgel Castro)
Cachaça Não é Água (Marinósio Trigueiros Filho)
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