Debate

Ao trocar sua assinatura de e-mail com uma colega, ele finalmente entendeu como funciona o machismo no trabalho

13 • 03 • 2017 às 11:16
Atualizada em 07 • 02 • 2019 às 10:51
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Editor do site Front Row Central, Martin R. Schneider se viu, por uma confusão em assinaturas de email, participando de um verdadeiro “experimento social” sobre sexismo. Nicole Pieri, uma colega de trabalho com quem Martin divide uma caixa de e-mails por motivos profissionais, sobre quem o chefe sempre reclamou da demora na conclusão de tarefas –Martin sempre concluiu que essa diferença se dava por ele possuir mais experiência.

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Um dia, ele acidentalmente – por conta da caixa de e-mails compartilhada – enviou um e-mail assinado como Nicole, e a mudança no trato do cliente para ele foi do vinho para água: “rude, desdenhoso, ignorando minuas questões”, escreveu Martin, pelo Twitter.

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Bastou, no entanto, Martin corrigir o erro e retornar a assinar os próprios e-mails, para que a atitude do cliente também mudasse. “Recepção positiva, agradecendo às minhas sugestões, respondendo prontamente, se tornando um cliente modelo!”, afirmou Martin.

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Foi quando Martin decidiu transformar o ocaso em um experimento, e por duas semanas ele trocou de fato de assinatura nos e-mails com Nicole. O editor resumiu em poucas e nada polidas palavras: “foi uma merda” (‘fucking sucked’).

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Enquanto, segundo Martin, tudo que ele perguntava ou sugeria (passando-se por Nicole) era questionado, ou tratado de forma condescendente – um chegou a perguntar se ‘ela’ era solteira – Nicole teve a semana mais produtiva de sua carreira, pelo simples fato de que não precisou mais, pela primeira vez, convencer os clientes a trata-la com respeito. Enquanto Martin ficou chocado, Nicole lhe disse que sabia que esse seria o resultado.

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Eu não sou em nada melhor do que ela no trabalho, eu simplesmente tenho essa vantagem invisível”, ele escreveu. Martin mostrou o experimento ao seu chefe, mas ele não “comprou” a história. O que ele pôde fazer foi nunca mais critica-la pela diferença no tempo de entrega de tarefas.

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Mas, para Nicole, o resultado do experimento teve sim um fim diferente – conforme ela própria contou em um post:

“Eu sempre vou me perguntar: o que meu chefe tinha a ganhar negando que o sexismo existe? Mesmo quando as provas estão gritando à sua frente, mesmo quando seu empregado, que produz para ele uma enorme quantidade de dinheiro, está dizendo, mesmo quando o homem da equipe lhe diz? Eu nunca entendi. Ao invés, pedi demissão e comecei meu próprio negócio. Trabalhando sozinha, eu finalmente pude derrubar os muros”.

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Toda e qualquer pesquisa, sob qualquer perspectiva, mostra a profunda desigualdade enfrentada por mulheres em ambientes de trabalho – e não há maiores diferenças entre praticar tais desigualdades, ou simplesmente negar que elas existem: é o mesmo mecanismo funcionando.

© fotos: reprodução

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