Arte

Por dentro do Psicodália: 5 dias acampando num dos maiores festivais independentes de música do Brasil

06 • 03 • 2017 às 16:17
Atualizada em 17 • 05 • 2018 às 02:03
Clara Caldeira
Clara Caldeira   Editora-chefe Editora-chefe do Hypeness é jornalista, escritora e pesquisadora em gênero, filosofia e história da ciência, e mestranda na Faculdade de Saúde Pública da USP. Especialista em gestão na nuvem, tem 15 anos de experiência em jornalismo digital como ênfase em cultura, comportamento, cidadania, meio ambiente e direitos humanos. Nas horas vagas é taurina, poeta, quase vegana, leitora voraz, maga das kombuchas, cozinheira de coração cheio e oraculista em infinita formação.

O que faz 6,5 mil pessoas de diversas partes do Brasil subirem a Serra do Mar, em Santa Catarina, em pleno Carnaval, rumo a uma pequena e pacata cidade de clima fresco e repleta de matas, fazendas e plantações de banana?

Música de qualidade, plural e independente, e a sensação de viver, ao menos por alguns dias, num modelo utópico de sociedade onde a paz, a tolerância, o respeito às pessoas e à natureza, a solidariedade e o amor são as únicas leis.

psico cartazPsicodália 2017 (Foto com LG K10)

O 20º Psicodália reuniu uma legião de apaixonados por arte e cultura em Rio Negrinho, na Fazenda Evaristo, em um cenário verde e bucólico, mas com a infraestrutura necessária para acomodar muito bem toda essa galera durante seis dias. Banheiros secos, gestão consciente de resíduos, compostagem e copos retornáveis foram algumas das ações implantadas para garantir o mínimo possível de impacto ao meio-ambiente.

bamboForam mais de 60 oficinas nesta edição – paralelas aos shows – com temas, como teatro, cinema, música, política, esportes, sustentabilidade e… Bambolê! <3 (Foto com LG K10)

Psicodália pintura_Rafael ThoméPintura facial (Crédito: Rafael Thomé)

lixosGestão consciente de resíduos (Foto com LG K10)

camping_Clara CaldeiraCamping Secos e Molhados (Foto com LG K10)

Psicodalia_divulgaçãoOficina de yoga (Foto: Divulgação/ Facebook)

Eu, paulistana de criação, moradora da Ilha da Magia (Florianópolis), estive mais uma vez neste universo paralelo de paz, amor e muita música, depois passar dois dias por ali em 2016 e me apaixonar completamente. Tradicionalmente, o Psicodália começa na sexta-feira de Carnaval e só termina na quarta de cinzas, e o único jeito de curtir as atrações é acampando.

E lá fui eu, depois de provar um pequeno aperitivo ano passado, me jogar de cabeça nesta experiência de quase seis dias.! \o/

carro idaA caminho do Psicodália, eu e minha gangue! (Selfie grande angular LG K10)

barracaNosso lar doce barraca (Foto com LG K10)

Dia 1 (sexta) Primeira canção da estrada

O foco principal do festival é a música. Nesta edição, a organização não poupou esforços para fazer jus à fama de reduto das maiores sonzeiras do planeta e de encontros inesquecíveis de gerações.

Logo na primeira noite, Sá & Guarabyra arrancaram lágrimas e coros da multidão com seu rock rural, sempre lembrando o falecido Rodrix e ajudando quem estava por ali a entrar de vez no clima, deixando pra trás o stress e a loucura das grandes cidades.

Sa&guarabyra_banda_Nicolas SalazarNicolas Salazar – divulgação

“Apesar das minhas calças rasgadas, eu acredito que vou conseguir… Uma carona que me leve pelo menos à cidade mais próxima…”. Primeira Canção da Estrada, hino mor de mochileiros, hippies e beatniks brazucas de todos os tempos, foi de arrepiar.

Quem entrou na sequência foi a igualmente jurássica e eterna Casa das Maquinas, que ficou na estrada de 1973 a 1978 e teve seu retorno no próprio Psicodália, em 2007. Rock and roll brasileiríssimo, puro e autêntico pra psicodálico nenhum botar defeito.

Dia 2 (sábado) Nem todo trajeto é reto…

O sábado começou quente, ensolarado e totalmente dançante com a apresentação contagiante e surpreendente da eclética e multicultural Grand Bazaar. Com influências da música italiana, judaica, cigana, balcânica, entre muitas outras, esses paulistanos abriram os trabalhos do selo Risco no festival, que – com o apoio da LG – levou ainda a animadíssima Charlie e os Marretas e a potente Luiza Lian ao festival.

Risco selfieMotorhome da selo Risco com apoio da LG (Selfie grande angular LG K10)

GB selfieEu curtindo o show do Grand Bazaar com a selfie grande angular do LG K10

Seguiram-se algumas bandas maravilindas, até que às 18h em ponto eu deixei de lado a fila do banho (tava precisando, mas a música venceu) e fui atraída ao Palco do Sol pelo que, para mim, foi uma das surpresas mais gratificantes do Psicodália. A irreverente, energética e multicolorida Cátia de França irradiava música e personalidade pelos quatro cantos da fazenda Evaristo. Não conhece? Procure saber!

MetáJuçara Marçal sendo Juçara Marçal… Ou seja, absurdamente incrível! (Foto com LG K10)

A noite ficou por conta do suingue de Di Melo, seguido pela apresentação marcante e necessária de Liniker, que literalmente tirou a multidão para dançar. Em seguida, a poderosa Metá Metá – umas das melhores bandas brasileiras da atualidade, na opinião desta humilde jornalista – levou o público à loucura com sua original fusão de batuque africano, jazz e rock and roll. Foi de tirar o fôlego!

Liniker_Rafael ThoméLiniker lacrando sempre (Crédito: Rafael Thomé)

Mas como no Psicodália a música não tem hora pra acabar, quem resistiu e colou no palco Guerreiros nesta madrugada ainda pôde conferir algumas boas surpresas. A suingadíssima Charlie e os Marretas, também do selo Risco, fez o povo sacudir madrugada adentro ao som de muito funk e groove.

Quem acompanha a trajetória da banda desde o começo (como é o meu caso) deve ter sacado que o grupo amadureceu bastante e apresenta uma sonoridade cada vez mais sólida, com experimentações originais e ousadas que não tiram em nada o peso e o respaldo do funk tradicional. Diálogos diversos com a música eletrônica e com ritmos como o reggaeton fizeram com que um show que já era dançante ficasse totalmente arrasador.

GB 1Charlie e os marretas com LG K10

Nem preciso dizer que depois dessa fui pra minha barraca botar os pés pra cima. Foi lindo! <3

Dia 3 (domingo) Leve, como leve pluma…

Um domingo de Ney Matogrosso não poderia ter início melhor do que um show da delicada e poderosa Luiza Lian, que com sua voz potente e gestos suaves cantou a força da mulher livre no palco do Psicodália.

Ensolarado foi o show desta jovem diva da MPB, assim como a tarde mágica que se anunciava no festival. Luiza Lian encerrou a participação das bandas do Risco por lá, mas o pessoal do selo continuou na ativa até o fim do evento, equipadíssimos pela LG e registrando tudinho para um doc baphônico que divulgaremos em breve aqui no Hypeness.

LL 1Luiza Lian divando no Palco Solar (foto com LG K10)

LL selfieLuiza Lian com a câmera selfie grande angular do LG K10

A noite começou com uma apresentação emocionante da banda Francisco El Hombre, que aqueceu os corações com seu ‘axé latino de protesto’ (com o perdão dos rótulos, mas é foda tentar explicar o efeito que certas bandas tem na multidão). O mais legal é que ano passado conheci a banda ali naquele mesmo palco, num show com cerca de 300 pessoas no meio da madrugada. Foi muito lindo ver o reconhecimento que eles conquistaram em um ano de estrada, com o lançamento de seu primeiro e maravilhoso álbum Solta as Bruxas.

E eis que Ney…

Ney Matogrosso_Rafael ThoméNey Intergaláctico como leve leve pluma (Crédito: Rafael Thomé)

Fica difícil colocar em palavras o que presenciei naquela noite. O show de Ney Matogrosso foi uma espécie de transe coletivo, que começou um strip-tease arrasador com toques futuristas intergalácticos. Mitológico e absoluto, ele cantou Cazuza, Criolo, Martinho da Vila e, claro, Secos e Molhados, para o delírio da massa. Ney Matogrosso flanou ‘leve, como leve pluma’ pelo Palco Lunar. Ele foi a própria Lua e deixou em nós, pó de estrela, um inesquecível sabor de ‘quero mais’ embalado por um coro eterno de bis que ecoou pela Fazenda Evaristo até o fim do festival.

Obrigada, Ney! <3

Dia 4 (segunda) Vejam só que festa de arromba!

Outra linda surpresa que me arrebatou foi a banda Perota Chingó. Formada por cidadãos uruguaios, argentinos e brasileiros, não pode ser definido como um grupo de apenas uma nacionalidade. O Perota Chingó é latino americano, assim como sua música, que marca pela energia e pelo sentimento de união e simplicidade.

Energizada pela vibração maravilhosa dos ‘hermanos’, eu estava pronta para uma noite de muito rock and roll, que começou com a festa de arromba conduzida pelo Gigante Gentil Erasmo Carlos, que levantou geral com sua simpatia e disposição de dar inveja em qualquer roqueiro teen. Impossível não cantar junto tantos clássicos e pedir a benção do cara que é praticamente o avô do rock brasileiro. A multidão agradeceu com o arrepiante coro de “Tremendão, Tremendão!”.

Erasmo Carlos_Rafael ThoméO Gigante Gentil Erasmo Carlos (Foto: Rafael Thomé)

A catarse foi completa com o rock pirata, com toques ciganos, da tripulação do Confraria da Costa, que fez a serra virar mar. Aí o povo enlouqueceu de verdade, com direito a monstros dos mares passeando sobre as nossas cabeças, chuva de cerveja e pessoas andando na prancha e mergulhando para o mosh na multidão.

Dia 5 (terça) Dançar como dança um black!

A terça amanheceu ressacada pelo maremoto pirata, mas não demorou muito até que o rock de peso da Cadillac Dinossauros e a psicodelia progressiva da antológica Recordando o Vale das Maçãs deixasse todo mundo pronto para outra.

A noite ficou por conta de Céu, com seu perfume do invisível, que emocionou com uma apresentação impecável de seu Tropix e, claro, de suas já consagradas canções para cantar junto.

GersonGerson King Kombo/ Facebook – Divulgação

Mas não demorou muito, e Gerson King Combo, o James Brown brasileiro, chegou com os dois pés na porta (mesmo com um deles engessado) para ensinar como se dança o funk brother soul. King Combo mostrou no palco porque merece o título de pai da black music brasileira e ensinou didaticamente – para quem ainda não sabia – como o funk culminou no surgimento do rap, inclusive aqui no Brasil. Valeu Gersão, é noiz!

O adeus e a vizinhança

A quarta-feira de cinzas também foi de adeus no Psicodália. Mas eu não poderia encerrar sem agradecer a vizinhança maravilhosa que nos acompanhou durante todo o festival. Lá é assim: você escolha um ponto, acampa, e aos poucos o pessoal que está em volta vai se tornando uma espécie de grande família que se ajuda, acolhe, empresta coisas, oferece cafezinho e compartilha quitutes.

A nossa família psicodálica foi formada por uma galera muito massa do Espirito Santo (alguns com residência no Rio). Pessoal, perdão por não colocar todos os nomes, é que a galera era grande e a emoção era muita.

galera selfieFamília psicodálica SP + SC + RJ + ES (Selfie grande angular LG K10)

selfie galera nos 3Meus companheiros de viagem (Selfie grande angular LG K10)

Mas entre eles, estava o André Prando, músico extremamente talentoso, que gentilmente tocou a trilha sonora para estes dias inesquecíveis.

Além das criações autorais, Prando tem um projeto muito interessante de resgate da produção e memória do músico capixaba Sérgio Sampaio. Vale a pena conhecer o trabalho, tanto do Sérgio Sampaio, como de Prando.
E como sabiamente disse uma psicodálica anônima, “pra ser bom tem que terminar…”.

Nossa trilha sonora linda, que embalou esses dias de música e amor. Pena que não tinha ela gravada pelo Prando… Mas segue o Sérgio Sampaio mesmo pra entrar no clima:

Até ano que vem Psicodália! Vai deixar saudades! <3

O smartphone que usamos para a cobertura foi o modelo K10 da LG, que tem uma bateria com super longa duração e uma opção super divertida de selfie grande angular pra ninguém ficar de fora da foto! 😉

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