Debate

A luta pela legalização das drogas de uma mãe que perdeu a filha de 15 anos por overdose

07 • 04 • 2017 às 08:16 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

A história de Anne-Marie Cockburn, de 45 anos, e sua filha, Martha Fernback, é uma trágica e contundente ilustração da importância da legalização e regulação das drogas. Martha tinha 15 anos quando sofreu uma severa overdose de ecstasy, em 2013, que a levou à morte em poucas horas – e quem defende a legalização nessa história é a própria mãe, Anne-Marie.

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Martha já havia tomado ecstasy outras vezes e sua mãe, quando soube, de forma assustada simplesmente disse à filha que não mais tomasse. Martha – que cresceu em uma família perfeitamente padrão -, no entanto, decidiu por tomar a droga mais uma vez. Por falta de regulação e informação, Martha acabou ingerindo uma dose muito alta e pura da droga em pó – o suficiente para ser dividido com mais de 5 pessoas – e acabou sofrendo uma overdose fatal.

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Anne-Marie garante que, antes de perder sua filha, sequer pensava que a questão da legalização e regulamentação das drogas pudesse afetar sua família – e que teve de aprender da forma mais difícil possível. A mãe contou, em entrevista à BBC, que acredita que ainda tivesse a filha por perto caso ela tivesse obtido informações como ingredientes e dosagens, evitando assim a toma de uma dose para entre 5 a 10 pessoas.

Assim que a filha faleceu, Anne-Marie checou o histórico de buscas de sua filha no Google, e descobriu que a menina havia procurado por maneiras seguras de tomar a droga – indicando que de fato Martha acabou morrendo justamente por falta de regulamentação e informação.

A mãe afirma que perdoou o traficante, que permaneceu preso por 18 meses, e que é preciso que os pais sejam realistas sobre o mundo de hoje e o comportamento em geral, para que não acabem na mesma posição que ela.

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Nenhum pai quer imaginar seu filho usando drogas, mas muitos deles o farão de qualquer forma. Se minha filha tivesse tomado algo legalmente regulado, no lugar de uma substância controlada por uma gangue, acredito que ela estaria ainda entre nós. Quero que as drogas sejam liberadas para maiores de 18 anos, o que significará que elas serão licenciadas com informações. Assim, mesmo que tais substâncias caiam nas mãos de menores, eles estarão mais seguros do que hoje são”.

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Anne-Marie escreveu um livro sobre o tema, e mantém um site com informações sobre tais questões.

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© fotos: arquivo pessoal

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