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Fazer animação é uma arte. Em seu processo, cada fotograma de filme é produzido individualmente, um por um. Em 1917 era produzido o primeiro curta metragem em animação no Brasil. Dirigido pelo cartunista Álvaro Martins, o filme “Kaiser” acabou se perdendo na história e, quase 100 anos depois, nos resta apenas um único fotograma com o seu registro.
Em 100 anos de história muito foi produzido, porém quase nada documentado ou devidamente divulgado. Para compensar esta lacuna, nasce o livro “Trajetória do cinema de animação no Brasil”, idealizado pela designer e storyboarder Ana Flávia Marchetti, que está em campanha colaborativa no Catarse para sua circulação com referências exclusivamente nacionais. O livro é uma iniciativa independente e sem fins lucrativos e você pode colaborar aqui.
A coletânea foi concebida a partir de uma linha do tempo, que percorre das charges animadas nos anos 1900 às produções de reconhecimento mundial nos 2000. Toda essa história é contada de maneira leve, precisa e didática em cinco capítulos, destacando os diferentes formatos de exibição, técnica e estética da arte e da indústria de animação nacional. O formato artbooks, com imagens inspiradoras e referenciais das várias etapas de pré-produção, contribuem para sedimentar essa forma brasileira de fazer animação.
Hoje, o Brasil tem reconhecimento internacional com premiações consecutivas no festival de animação mais importante do mundo, Annecy, e até uma indicação ao Oscar (2016, Menino e o Mundo). Entretanto, algumas vezes os filmes ganham uma visibilidade maior no exterior do que no solo nacional. Como causa e consequência, muitos artistas profissionais não conhecem nossa própria história e possuem como referência apenas filmes gringos. Nesse ciclo vicioso, temos carência de fontes/instituições de ensinos para formação de novos artistas, que por sua vez têm como objetivo entrar para uma produção no exterior.
Por esse motivo, a iniciativa de Ana é pioneira no Brasil. Graduada em Design, ela descobriu a animação na metade de curso universitário ao participar do Anima Mundi. “Percebi essa lacuna quando comecei meus estudos. Havia pouquíssima informação à respeito, quase sempre dispersa. Foram mais de dois anos de pesquisas e curadoria até chegar ao livro, que foca a animação sob uma perspectiva brasileira, a partir de um recorte de seus artistas e legado. A obra busca um olhar sobre nós mesmos e a nossa produção, sem o tradicional filtro estrangeiro, muitas vezes dominante”, pontua.
Ao iniciar suas pesquisas Ana, que também realizou o projeto gráfico do livro, não conseguiu encontrar nenhum livro animação no Brasil: “Eu queria um livro como os artbooks dos grandes estúdios, com concepts, mostrando o processo de produção e criação, referências visuais. Encontrei dois: um do autor Antonio Moreno, ‘A Experiência Brasileira no Cinema de Animação’, e do Alberto Lucena Junior ‘Arte da animação: técnica e estética através da história’. Porém, não continham material que eu buscava”, conta ao Hypeness.
“Em 2013, o longa “História de amor e Fúria” do Luiz Bolognesi ganhou prêmio de melhor filme no festival de Annecy. Logo em seguida foi a vez do filme “O Menino e o Mundo” de Ale Abreu em 2014. Já em 2015 foi “Guida” de Rosana Urbes que recebeu o mérito. Ela foi a primeira brasileira a ganhar o prêmio!”, revela Ana, animada.
Através de sua indignação por não existir documentos sobre a história de nossas produções, a designer decidiu se aprofundar em pesquisas e fazer o livro: “Tive ajuda de muitos animadores da área, para encontrar documentos e imagens. Uma peça fundamental nesse projeto foi o Jonas Brandão. Ele que me colocou em contato com todas as pessoas possíveis da área, além de me ajudar na construção do conteúdo”, agradece.
Apostando em sua intensidade, a animação brasileira começou do incentivo de alguns animadores que utilizaram de sua intuição, essência e singularidade de materiais para. Por isso, o processo criativo de animação brasileiro é tão rico em técnicas e há uma personalidade no estilo. O Hypeness teve acesso exclusivo de parte do conteúdo do livro com a própria Ana, que descreveu, de forma cronológica, um pouco sobre a história de animadores no Brasil. Prenda a respiração, colabore com o projeto do livro dessa mulher maravilhosa e boa viagem.
1907 | Raul Pederneiras – Chargista
1917 | Álvaro Martins (Pseudônimo Seth) – Chargista
O Kaiser é o primeiro curta de animação do Brasil, que infelizmente teve seus registros oficiais perdidos no tempo, deixando apenas dois fotogramas. A partir desse único registro, pesquisadores conseguiram chegar ao seu animador (Seth) e concluíram que é o mais antigo registro da animação brasileira.
1939 |Luiz Sá – As aventuras de Virgulino
Criador dos personagens Reco-Reco, Bolão e Azeitona que, durante anos, apareceram na revista infantil O Tico-Tico.[2] Foi também responsável pela criação de uma série de curtas de animação que ficou perdida por anos, As Aventuras de Virgulino. Produziu ainda desenhos humorísticos para jornais cinematográficos. Sá também foi responsável pela criação de O Bonequinho, personagem usado na seção de crítica de cinema do Jornal O Globo.
1953 |Anélio Latini – Primeiro Longa-metragem de animação brasileiro
Praticamente sozinho na sua casa na Tijuca, contando apenas com a colaboração do irmão Mário Latini como Diretor de fotografia, ele escreveu e produziu Sinfonia Amazônica, o primeiro longa-metragem de animação do país, realizado entre os anos de 1946 e 1953.
1972 |Ypê Nakashima – Primeiro Longa-metragem de animação colorido brasileiro
O filme Piconzé começou a ser desenvolvido em 1966, o animador coloca um anúncio em um dos jornais onde trabalhou, o São Paulo-Shimbun, a fim de conseguir mão de obra para o projeto, o artista plástico Ayao Okamoto fez a arte-final durante 3 anos, a animação é finalmente concluída em 1972 e lançada em 24 de janeiro de 1973.
1976 |Walbercy Ribas – Comerciais
Fundou a produtora start Desenhos Animados, em 1966. Desenvolveu criações para a indústria da publicidade, muitas vezes com idéias para peças psicodélicas, como os comerciais para a Sharp. Com mais de 80 prêmios nacionais e internacionais acumulados, Ribas trabalhou nos EUA, Inglaterra, México, Portugal e Unicef Caribbean. Mas nunca abandonou suas raízes brasileiras. Agora está lançando seu 3º longa de animação “Lino”.
1978 |Otto Guerra – Otto desenhos animados
Fazia histórias em quadrinhos, inspiradas nas HQs franco-belgas de Hergé. Em 1977 trabalhou em uma agência publicitária de Porto Alegre, fazendo animação para comerciais. No ano seguinte, fundou seu próprio estúdio, Otto Desenhos Animados. Seu primeiro curta-metragem foi O Natal do burrinho, lançado em 1984.
Em 1995, Guerra lançou o longa Rocky & Hudson- Os Caubóis Gays, baseado na tira de Adão Iturrusgarai. E foi vencedor do prêmio especial do júri no festival de Brasília e selecionado para os festivais de Havana e Hiroshima. Em 2006, exibiu Wood & Stock: sexo, orégano e rock’n’roll no 10º Cine-PE, onde o longa ganhou o prêmio especial do júri. No ano de 2013, o diretor lançou o longa Até que a Sbórnia nos Separe, baseado na dupla musical Tangos e Tragédias.
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1984 |Chico Liberato – Boi Aruá. Terceiro longa metragem brasileiro
É um artista plástico e cineasta brasileiro. Pioneiro do cinema de animação na Bahia, produziu o terceiro filme de animação de longa metragem feito no Brasil – Boi Aruá, que documenta o cotidiano do Nordeste do Brasil, mais especificamente do sertão caatingueiro, através do mito do Boi Aruá. O filme foi premiado pela Unesco. Entre os temas principais dos trabalhos de Chico Liberato estão o sertão e o sertanejo, a arte popular e as figuras místicas presentes no candomblé.
1993 | Marcos Magalhães – Anima Mundi
Autor de diversos curtas-metragens em animação, entre os quais “Meow!”, ganhador do Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes 1982 e “Animando”, filmado no National Film Board of Canada em 1983 Animando. “Animando” ganhou o Prêmio de Melhor Filme Didático no Festival de Espinho, Portugal, e até hoje é frequentemente exibido em programas de TV, escolas e cursos de animação do mundo inteiro.
Em 1985 Marcos Magalhães participou de um acordo de cooperação Brasil-Canadá com duração de dois anos, no qual foi responsável pela implantação do primeiro curso profissional de animação realizado no Brasil. Em 1986 coordenou o projeto “Planeta Terra”, filme coletivo realizado por 30 animadores brasileiros para o Ano Internacional da Paz da ONU.
É o criador e animador do ratinho de massinha do programa de TV “Castelo Rá-Tim-Bum”, com música de Hélio Ziskind. Desde 1993, Marcos é um dos fundadores e diretores de Anima Mundi, Festival Internacional de Animação do Brasil, hoje um dos cinco principais eventos de animação no mundo. Que está completando 25 anos de existência em 2017.
Anima Mundi fundadores: Aída Queiroz, César Coelho, Marcos Magalhães e Léa Zagury.
2000 | Paolo Conti – Animaking. Primeiro longa de stopmotion brasileiro
Diretor e produtor de Minhocas (2014), primeiro longa-metragem de animação brasileiro produzido com a técnica stop motion. O longa de estreia do diretor foi baseado no curta homônimo vencedor de 12 prêmios no Brasil, incluindo Animamundi (edições Rio e São Paulo), e no Japão – JVC Toquio Video Festival. Formado em desenho industrial, iniciou sua carreira em 1994 como animador freelancer em produtoras de publicidade e animação. Em 2000, fundou a Animaking, produtora voltada para a produção de filmes publicitários e conteúdos para TV, internet e cinema.
2003 | ABCA – Associação Brasileira de cinema de animação
Percebendo que o Cinema de Animação Brasileiro mergulhava num fértil período de desenvolvimento – graças a um número crescente de profissionais, técnicas, estilos e temas, gerando um volume cada vez maior de filmes de qualidade internacional, e, sentindo a falta de organismos que entendessem e representassem esse universo – um grupo de 29 profissionais, reunindo cinco estados brasileiros (RJ, SP, PB, RS, PR), decidiram fundar, em 22 março de 2003, a ABCA – Associação Brasileira de Cinema de Animação.
2015 | Rosana Urbes – Guida
Além de ser a primeira mulher brasileira a ganhar o prêmio de melhor curta metragem do festival de Annecy, Rosana Urbes trabalhou por 8 anos no exterior. Sendo 6 deles nos Estúdio Disney, em filmes como “Mulan”, “Tarzan” e “Lilo & Stitch”. De volta ao Brasil, criou a RR Animação de Filmes e passou a desenvolver diversos projetos internacionais de animação, mantendo, em paralelo, seu trabalho com Ilustração de livros.
2016 | Alê Abreu – O Menino e o Mundo
Desenhista, cineasta e artista plástico, nasceu em São Paulo. Na década de 1990, formou-se em comunicação e produziu os curtas metragens “Sírius” (1993) e “Espantalho” (1998). Trabalhou na área de publicidade e executou ilustrações para revistas, jornais e livros. Em 2008 lançou “Garoto Cósmico” (2007), seu primeiro Longa, e o curta “Passo” (2007). Em 2014 lançou “O Menino e o Mundo”, filme vencedor de 46 prêmios e indicado ao Oscar (2016) de animação. Atualmente trabalha na pré-produção de seu novo filme “Viajantes do Bosque Encantado” e na supervisão artística da série “Vivi Viravento”, com direção de Priscilla Kellen.
2017 | Rosaria Moreira – O projeto do meu pai
Trabalhou como animadora, storyboarder e designer de personagens para diversos estúdios do Rio de Janeiro e São Paulo em comerciais, institucionais, filmes autorais e séries de TV. Ministra as oficinas do Projeto Animação (IMA — ES) desde 2006 e dirigiu, animou e produziu seus 2 curtas, Tem um Dragão no meu Baú (1′ – 2005) e Menina da Chuva (6′ – 2010), ambos patrocinados pelo MinC e selecionados em festivais internacionais e de todo o Brasil. Em 2016, Rosaria terminou seu terceiro curta autoral, O Projeto do meu Pai – 5’40”, que ganhou prêmio no Anima Mundi 2016 de melhor Curta do Festival, melhor Curta Brasileiro e Aquisição Canal Brasil.
Todas as imagens: divulgação
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