Inspiração

Ela compartilhou sua experiência de assédio para que repensemos como criamos meninas

14 • 08 • 2017 às 11:12
Atualizada em 16 • 08 • 2017 às 11:27
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Não é preciso muito esforço para se perceber o quanto o machismo e a desigualdade de gênero nasce e se reafirma em todas as camadas e etapas da vida de uma mulher – desde sua criação até suas relações profissionais adultas. Para a modelo australiana Jessica Leahy, dividir com o mundo as histórias de assédio e abuso que sofreu é uma maneira de iluminar essa cruel e injusta realidade, a fim de que o mundo possa se tornar um lugar mais seguro e igualitário. Algumas das histórias, porém, são assustadoras.

 

Ela dividiu as histórias de assédio que sofreu com uma revista, e em uma postagem explicou o óbvio. “Cansado de ouvir as mulheres denunciando assédio sexual? Bem, então imagine o quanto nós estamos cansadas de viver o assédio”, ela escreveu no posto em que compartilha a matéria que escreveu. “Agora, chegando nos trinta anos, sou menos uma ‘boa garota’ e mais uma ‘mulher má’, me tornando cada vez mais incapaz de fingir um sorriso quando um homem faz algo nojento. E parece ser um rito de passagem para mulheres ao se aproximarem de certa idade”.

Em uma das história, Leahy exemplifica como a maneira com que as mulheres costumam ser criadas pode interferir em situações de abuso. “Para mim, aconteceu em um trem à luz do dia, onde um estranho forçou sua mão por dentro de minha calça e me “pegou pela buceta”, como diria um líder mundial [referindo-se à gravação em que o presidente dos EUA (!) Donald Trump afirma, anos antes de ocupar o cargo, que sua condição de celebridade lhe permitia “pegar pela buceta” as mulheres que desejava]. Talvez o mais chocante seja o fato de que eu não fiz nada. Nenhum tentativa de chamar atenção. Não queria fazer uma cena. A porta do trem abriu e eu saí correndo para a plataforma sem olhar pra trás. Por quê? Pela nossa obsessão cultural em criar as garotas para serem ‘boas’”, afirma Leahy.

Sua ideia é que os pais parem de ensinar às garotas que sejam boazinhas, discretas, quietas, especialmente quando se tornam alvos de assédio. “Desde o nascimento, somos ensinadas a não sermos rudes, mandonas ou difíceis a, acima de tudo, em não ser uma vadia. Essa obsessão com ‘ser boazinha’ está levando boas garotas de fato a passarem por maus bocados”, escreveu.

 

Seu chamado também conclama, é claro, mudanças de atitude aos homens – não só sobre não assediar, mas também sobre se posicionar quando vir uma mulher vivendo uma situação de assédio, e que os homens conversem sobre mudar tais práticas ancestrais. Tão lamentavelmente comum é a história de Leahy quanto é comum a criação do homem para ser machista – mas o mundo só pode ser de fato um lugar melhor quando for melhor pra todo mundo.

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