Inspiração

J.K. Rowling reage ao preconceito e à islamofobia no Twitter com respostas certeiras

29 • 08 • 2017 às 13:53 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Se a coragem de se posicionar diante de injustiças é uma virtude do personagem Harry Potter, é natural que tais características tenham sido herdadas por ele de sua criadora. J.K. Rowling não tem qualquer dificuldade ou temor em expor suas opiniões políticas – em especial quando se trata das políticas do atual presidente dos EUA, Donald Trump.

A mágica da escritora inglesa com as palavras parece não ser restrito ao fantástico universo de Hogwarts, e também funciona nos 140 caracteres do Twitter, como provou ao responder a um absurdo – e mentiroso – tweet islamofóbico.

Rowling já havia antes destilado seu talento para expor mentiras e absurdos em resposta à comentarista política conservadora Tomi Lahren. Quando, de forma torta e preconceituosa, Lahren tentou transformar Trump em um verdadeiro combatente do terrorismo, e Obama em alguém que estaria “dedicado a colocar homens no banheiro das mulheres”, Rowling não deixou barato, destilando fina e sofisticada ironia.

“Presidente Trump dedicado a colocar radicais muçulmanos em sepulturas, enquanto o Presidente Obama estava dedicado a colocar homens no banheiro das mulheres”

 

“Verdade, quem entre nós pode esquecer Trump ordenando a morte de Bin Laden? Ou Obama se gabando de espiar participantes de concurso de beleza nuas?”

Contra Lahren a ironia foi sua arma – afinal, foi Obama quem capturou Bin Laden, e Trump quem invadia a privacidade das modelos do concurso Miss Universo.

Mais recentemente, porém, Rowling preferiu utilizar simplesmente a verdade como arma, chamando um tweet mentiroso e preconceituoso de um usuário chamado Rutger Ulbrecht pelo que ele de fato é: besteira.

 

“Você sabia que se você deixar um sanduíche de bacon do lado de fora de uma mesquita na Inglaterra você pode ser preso por mais tempo do que se estuprar um menino de 11 anos?”

O tweet de Rutger é um caso clássico da internet, em que alguém tenta dizer uma mentira com confiança para que outras pessoas acreditem. O usuário aproveitou o fato de que muçulmanos não podem comer carne de porco para simplesmente destilar seu preconceito. Rowling, porém, não perdeu tempo e foi direto ao ponto.

 

“Você sabia que na Inglaterra nós chamamos que são mentiras completas de bollocks [besteira]?”

Possivelmente estimulados pela resposta de alguém da estatura de Rowling, diversos outros usuário aproveitaram o mote para expor ainda mais a idiotice do preconceito.

 

“Você sabia que a maioria dos muçulmanos no mundo ocidental reagiria a um sanduiche de bacon do lado de fora de sua mesquita com indiferença?”

 

“Você sabia que se você deixar um sanduiche de bacon do lado de fora da NOSSA mesquita a gente não daria a mínima pois é só um sanduíche”

Outros aproveitaram para fazer pedidos.

“Você sabia que muçulmanos comem donuts. Especialmente uma dúzia coberta de creme. Por favor, deixe 10 caixas do lado de fora da mesquita mais próxima”.

Se, em seus livros, a fantasia e a imaginação são estimuladas para o combate ao mal, na vida real, Rowling parece saudavelmente fazer o contrário: utilizar a realidade para combater a fantasia dos que só olham o mundo com racismo, preconceito e ódio.

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