Inspiração

O legado da mulher que distribuía brownies de maconha pra amenizar o sofrimento de pacientes com AIDS nos anos 80

23 • 08 • 2017 às 08:17
Atualizada em 24 • 08 • 2017 às 11:58
Joao Rabay
Joao Rabay Gosta de ler boas histórias para aliviar a mente no meio de tantas notícias ruins. Ainda acredita que elas podem inspirar boas mudanças e fica feliz quando pode contá-las.

Nos últimos anos o comércio de alimentos que incluem maconha em sua lista de ingredientes tem feito parte de um novo segmento econômico em estados norte-americanos como Colorado e Califórnia. Mas na década de 80, quando o consumo da erva ainda era ilegal mesmo com fins medicinais, uma senhora se destacou por produzir brownies espaciais.

Mary Jane Rathbun não ficou conhecida como Brownie Mary à toa. Nos anos 70, enquanto trabalhava como garçonete em um restaurante de São Francisco, ela começou a vender bolinhos temperados com maconha. Não demorou para ela perceber que os alimentos canábicos ajudavam pessoas com doenças crônicas a encontrar alívio para suas dores.

O sucesso de sua receita fez com que ela ficasse conhecida na cidade, e após algum tempo a polícia bateu à sua porta. Sua primeira visita à delegacia aconteceu em 1981, quando Mary já tinha 57 anos. Diz a lenda que ela recebeu os policiais em seu apartamento dizendo “Eu achava que vocês viriam”. Sentenciada a cumprir 500 horas de trabalho comunitário, sua relação com pacientes com AIDS se tornou mais próxima.

Ela passou os dois meses seguintes visitando instituições que ajudavam soropositivos a lidar com a doença e ouviu relatos positivos sobre os efeitos que os brownies canábicos surtiam nos pacientes. Os problemas com a lei não a impediram de voltar a cozinhar, com a ajuda de alguns cultivadores que doavam maconha – nessa época, ela bancava os outros custos do próprio bolso, e distribuía os brownies gratuitamente.

Mary se tornou um símbolo da luta para legalizar a maconha medicinal na Califórnia nos anos 90. Em uma entrevista à Associated Press em 1992, relatou os efeitos que via nos pacientes de AIDS e câncer: “Esses jovens não têm apetite, mas, depois de comer um brownie, até se levantam da cama para cozinhar alguma coisa. Os que passam por quimioterapia comem metade antes e metade depois de cada sessão e dizem que ajuda a aliviar as dores”.

A maconha seria legalizada para usos medicinais na Califórnia em 1996, quando Mary já havia parado de cozinhar os brownies por causa de seus próprios problemas de saúde – que incluíam artrites e fortes dores nos joelhos. Segundo ela, a maconha era um dos poucos remédios que a ajudavam a andar sem sentir tantas dores. Ela faleceu em 1999, aos 77 anos, mas seu legado de luta pelo reconhecimento das propriedades medicinais da cannabis é reconhecido até hoje.

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Fotos sem crédito: Reprodução


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