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Absolutamente todos os hotéis de Santa Rita do Sapucaí estavam lotados no feriado de 7 de setembro. Não porque a pequena cidade mineira, de 40 mil habitantes, seja um destino turístico comum, mas porque é lá que acontece o festival de inovação e tecnologia Hack Town.
A edição de 2017 foi a terceira do festival brasileiro, que tem inspiração direta no SxSw (South by Southwest), que desde 1987 acontece em Austin, no Texas. Aliás, a ideia de criar algo parecido no nosso país surgiu justamente em uma das edições passadas do SxSw, que combina cinema, música e tecnologia, quando os sócios-fundadores Carlos Henrique Villela e Ralph Peticov se conheceram.
O Hack Town combina palestras, debates e workshops sobre temas diversos, como educação, comunicação, empreendedorismo e ciência, quase sempre tendo a tecnologia como apoio, com apresentações musicais. Além de uma escola técnica e uma faculdade, os eventos acontecem em pontos como bares, restaurantes e praças da pequena Santa Rita do Sapucaí.
Mas por que foi essa a cidade escolhida para sediar o festival? Santa Rita se tornou um improvável polo de tecnologia, conhecido como Vale da Eletrônica (alguns até brincam dizendo que trata-se do Vale do Silício brasileiro), graças à visão de futuro de Luzia Rennó Moreira, conhecida como Sinhá Moreira.
Filha de um rico fazendeiro da cidade, ela se casou com um diplomata, morou no Japão e conheceu vários países. De volta à terra natal, ela se dispôs a usar seu conhecimento de mundo para fazer de Santa Rita do Sapucaí um lugar melhor. Construiu escolas, ruas e casas para a população, mas sentia que ainda faltavam oportunidades de estudo e profissionais.
Convencida de que era necessário que os estudos continuassem após a escola, ela pensou em criar um centro de educação ligado ao petróleo, mas acabou concluindo que a eletrônica era a área do futuro (diz a lenda que foi um médico local que a ajudou na conclusão ao contar sobre uma palestra de Albert Einstein que ele vira).
Assim, em 1959, foi inaugurada a Escola Técnica de Eletrônica (ETE), primeira do tipo na América Latina, idealizada por Sinhá Moreira. Ela também criou uma fundação para administrar as obras. Após sua morte, entregou a administração aos jesuítas, junto de todo seu patrimônio.
Em 1965, seguindo o caminho aberto por Sinhá Moreira, foi inaugurado na cidade o Inatel, Instituto Nacional de Telecomunicações, centro de excelência em ensino e pesquisa na área de Engenharia, tom foco nas telecomunicações e tecnologia.
Hoje, Santa Rita do Sapucaí conta com mais de 150 empresas do setor, que geram mais de 10 mil empregos, criam mais de 13 mil produtos diferentes e exportam para 41 países. As urnas eletrônicas foram criadas lá, assim como componentes eletrônicos para a transmissão de sinal de TV digital, o chip do passaporte eletrônico e vários aplicativos.
Fomos até Santa Rita do Sapucaí para conferir como é esse tal de Hack Town. Além da ETE, do Inatel e de bares e restaurantes, as atrações também rolaram na Casa Google Developers, onde profissionais da empresa dedicados ao desenvolvimento de novas ideias deram mentorias a quem quer fazer uma startup decolar. Também rolaram palestras, workshops e demonstrações de produtos do Google.
A programação é recheada e distribuída ao longo de 4 dias de feriado, mas a sexta e o sábado têm muito mais eventos que quinta, dia de abertura, e domingo, de encerramento. Acaba sendo até difícil escolher onde ir, e inevitavelmente se perde bons painéis. O jeito é conversar com outros visitantes e trocar ideias sobre o que cada um acompanhou.
Aliás, mais do que as boas palestras de profissionais experientes em suas áreas, o ponto mais interessante do Hack Town é a capacidade de reunir milhares de estudantes e profissionais dispostos a entender as mudanças constantes do planeta e aplicar seus conhecimentos para inovar e criar novas ferramentas e conceitos para melhorar nossas vidas.
Seria difícil destacar os melhores painéis do festival, pelo número de bons eventos que não foi possível acompanhar e pela diversidade temática. A conclusão mais legal é mesmo ver como Sinhá Moreira deixou um legado, e como o Hack Town ajuda Santa Rita do Sapucaí a seguir com sua vocação para a criatividade e a inovação. Que venham muito mais edições, e que as experiências anteriores tornem o festival ainda mais bacana.
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