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Uma das maiores representantes do gênero grunge, a banda Nirvana deixou uma pegada inesquecível no rock dos anos 1990, que se perpetuou ao longo de diversas gerações. Kurt Cobain, Krist Novoselic e Dave Grohl deram identidade ao grupo que agora está na mostra Nirvana: taking punk to the masses, no Pavilhão da Bienal, em São Paulo. A exposição chega ao Brasil após ficar em cartaz durante seis anos em Seattle, onde atraiu 3 milhões de pessoas.
O ambiente traz elementos íntimos que fazem você se sentir assim, meio In Utero. A medida em que se caminha, os passos vão ficando cada vez mais nostálgicos. Estamos diante de um mergulho no universo underground que brotou nas ruas e garagens sujas de Seattle, onde a molecada fez o sonho punk acontecer do jeito Do It Yourself. Neste território, somos como o bebê que anseia pela nota de dólar na icônica capa de Nevermind, mas neste caso, a sede é pela intimidade da banda histórica.
Ali, mais do que nunca, nós queremos ser seus amigos; vestir suas roupas; tocar seus instrumentos; dar mosh em seus shows; viver em sua garagem e acompanhar suas turnês. Mas, existe um limite nessa jornada: é impossível chegar até a perturbada, genial e desconcertante cabeça de Kurt Cobain. O lado B da história, mais junkie, melancólico, profundo e obscuro do artista, foi deixado para depois intencionalmente. Segundo o curador Jacob McMurray, que também assinou a exposição de Jimi Hendrix, o intuito é ser um percurso inspirador. “O maior desafio é contar essa história sem o drama, para que crianças de hoje consigam entender o que foi a banda”, alegou.
A classificação indicativa é de 16 anos e a internet é capaz de proporcionar até mais informação do que deveria (sobre o suicídio de Kurt, entre outros), mas fomos convencidos de que este é um capítulo aparte, um ode a um dos principais símbolos do grunge; um brinde feliz aos dias de glória que renderam momentos, riffs e letras memoráveis. Para tanto, reuniram 200 itens da banda que pela primeira vez saíram do Museum of Pop Culture de Seattle (MoPOP), mas a tarefa de selecioná-los não foi tão fácil. McMurray contou que coletaram 500 objetos ligados ao Nirvana. “Tinha gente ligando para nós porque tinha um microondas que era da Courtney (Love) e do Kurt, por exemplo”.
Mas foi o baixista Novoselic quem mudou o rumo da mostra. “O contato com Kris foi fundamental. Ele me chamou em sua casa, mostrou seu acervo e foi quem mais colaborou conosco. Não conseguiu vir para o Brasil por causa de compromissos com sua banda atual, que está em turnê”, explicou. Apesar de não ter conseguido trazer algumas coisas, como o cardigan amarelo usado pelo vocalista em diversas ocasiões, além de desenhos e cartas mais íntimas, das quais sequer obteve um retorno de quem as tinha, McMurray conseguiu trazer uma porção de fotografias – que acho valiosíssimas quando o assunto é proximidade -, fitas cassete, vídeos, setlists, pôsteres, flyers, roupas e itens raros que vão além de capas de discos. Além disso, há uma bateria, baixo, violões acústicos e guitarras, nem todas inteiras, como o bom e velho punk rock manda. “Acho que essa é a mostra com o maior número de instrumentos quebrados que existe”, brincou.
De início podemos ver a Univox Hi-Flier arrebentada por Cobain durante um show em New Jersey no ano de 1989, quando o álbum de estreia, Bleach, foi lançado. Há ainda os restos da primeira guitarra quebrada pelo músico, durante uma festinha de Halloween numa universidade, em 1988. “Amo essa peça porque Kurt não tinha dinheiro nem para pagar o aluguel nessa época. Isso mostra quem ele era”, compartilhou o curador.
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Um painel reúne fotografias do período adolescente, do começo dos anos 1980. Podemos ver o gravador 4-track da tia de Cobain, que foi usado para dar vida ao primeiro conjunto de canções do garoto de 15 anos, em 1982, batizado de Organized Confusion. Nossos olhos também seguem encantados pelo restante da coleção, como a fita demo do single de Love Buzz, a camiseta furada “Nazi Punks F*ck Off” usada por Novoselic, o cartaz do show com Bikini Kill, no qual tocaram Smells Like Teen Spirit ao vivo pela primeira vez, lembranças dos ex-bateristas Dave Foster e Chad Channing, dos amigos da banda Melvins, da viúva odiada Courtney Love e a pequena filha Frances Bean, fruto do relacionamento conturbado entre a vocalista da banda Hole e Kurt. Há poucos registros de Dave Grohl e isso pode fazer falta, como fez para mim.
Para expandir o horizonte dentro do grunge e do punk rock, há alguns painéis que reúnem informações sobre a cena musical underground da época, junto a outras bandas importantes e influentes como Pearl Jam, Alice in Chains, The Stooges, Black Flag e Mudhoney. É possível ouvir as músicas e também gravar a sua própria versão de Nirvana em uma parte interativa da mostra idealizada pela Dançar Marketing com apoio do projeto Samsung Conecta e o Ministério da Cultura. O público também posa para foto dentro do cenário do icônico álbum Nevermind, uma lembrança divertida para levar pra casa.
McMurray contou que quando esteve em Seattle, viu que ali todos tinham uma história com o Nirvana. Posso afirmar que por estas terras tropicais aqui, boa parte das gerações passadas também teve, com a diferença de que não fomos tão privilegiados de ter a banda por perto mais de uma vez. O sucesso meteórico foi suficientemente bom para deixar para trás um legado de músicas, shows e videoclipes inesquecíveis, originais e únicos. O Nirvana nunca deixou de existir, apenas parou no tempo, em um dos melhores períodos musicais da história. Sentir o gostinho dessa época pode despertar saudades até em quem sequer chegou a viver isso.
Nirvana: taking punk to the masses @ Pavilhão Bienal | de 12.09 a 12.12.17
Portão 3 – Parque do Ibirapuera – Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº – São Paulo
Horários: 1h por sessão
De terça a sexta das 10h às 18h; sábado, domingo e feriados, das 10h às 19h
Ingressos a venda aqui.
R$25,00 de terça a quinta-feira (R$12,50 meia entrada)
R$35,00 de sexta a domingo (R$17,50 meia entrada)
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