Ser mulher no Irã é enfrentar tabus e fardos pesados capazes de levar à clausura ou à morte em nome da manutenção de tradições religiosas e políticas obtusas, violentas e misóginas. Ser uma artista mulher, que trabalhar com o tema da sexualidade, é tarefa ainda mais árdua e perigosa. Para seguir seu talento e vocação, a artista iraniana Azita Moradkhani decidiu usar como “tela” uma peça discreta e quase secreta, porém plena em simbolismo: as roupas íntimas femininas.

Nascida em Teerã, para Azita mesclar a arte e a cultura persa com as questões políticas e a violência da realidade do país, em especial para as mulheres, era não só natural como quase que um compromisso. Assim, seu processo artístico trabalha o empoderamento feminino e a delicadeza como uma coisa só, feito fossem adornos e gritos a partir de calcinhas e sutiãs – que ela desenha em lápis à perfeição.



Pleno em imagens e detalhes, apesar do tamanho diminuto dos trabalhos, as obras de Azita reproduzem muitas vezes quadros de grandes artistas como Michelangelo e Monet sobre a superfície das roupas íntimas, tencionando o aspecto comercial, publicitários e público que a sexualidade pode possuir, com o sentido íntimo, privado e profundo que o tema necessariamente também oferece. Em um oportuno trocadilho, a coleção foi batizada de Victorious Secrets, ou segredos vitoriosos. Suas obras estão expostas em uma galeria em Boston, nos EUA.







