Criatividade

Beco ‘sem saída’ de SP é ocupado por moradores e ganha cervejarias e gastronomia

27 • 02 • 2018 às 10:37
Atualizada em 05 • 03 • 2018 às 13:01
Gabriela Rassy
Gabriela Rassy   Redatora Jornalista enraizada na cultura, caçadora de tendências, arte e conexões no Brasil e no mundo. Especializada em jornalismo cultural, já passou pela Revista Bravo! e pelo Itaú Cultural até chegar ao Catraca Livre, onde foi responsável pelo conteúdo em agenda cultural de mais de 8 capitais brasileiras por 6 anos. Roteirizou vídeo cases para Rock In Rio Academy, HSM e Quero Passagem, neste último atuando ainda como produtora e apresentadora em guias turísticos. Há quase 3 anos dá luz às tendências e narrativas culturais feministas e rompedoras de fronteiras no Hypeness. Trabalha em formatos multimídia fazendo cobertura de festivais, como SXSW, Parada do Orgulho LGBT de SP, Rock In Rio e LoollaPalooza, além de produzir roteiros, reportagens e vídeos.

Um encontro de cervejarias artesanais, shows e DJs, programação para crianças e comidinhas deliciosas. O lugar que é em geral frequentado por usuários de crack e moradores de rua é ocupado anualmente com uma ação que integra toda a população. Ao final da Rua Lopes Chaves, entre Barra Funda e Santa Cecília, o beco sem saída ganha cor e som há bons 4 anos.

A rua sem saída ganha cor com ocupação cultural

A rua sem saída ganha cor com ocupação cultural

Sempre feito pelos cervejeiros e agentes culturais da região, em parceria com os moradores de rua, o evento que começou como BecoBeerFestival e, em 2017, Babylon By Beco, ganhou neste ano a parceria do Subcentro, projeto que pretende transformar a região entre Barra Funda e Campos Elísios com ações culturais que incluam os artistas, comerciantes e moradores – das casas e das ruas. “A gente trabalha com redução de danos, então a gente chama os moradores de rua para trabalharem no evento e a ideia é que, quando a região for valorizada, que eles sejam contratados pelos comerciantes e não expulsos do bairro“, explica Caru Albuquerque, do Subcentro.

O evento ganhou estrutura e manteve o ideal social das últimas edições

O evento ganhou estrutura e manteve o ideal social das últimas edições

Pelo 4º ano seguido, cervejarias da região se reúnem no beco

Pelo 4º ano seguido, cervejarias da região se reúnem no beco

Cervejarias como a Van Der Ale, que participa ativamente desde a primeira edição, a Sailor’s Ruin, Cervejaria Central, o Deep Bar e outras tantas participam com suas criações, enquanto o Aparelha Luiza chega com as delícias nordestinas do Di Cumê da Ciça. As galerias Galeria CRUA, Quimera Atelier e 6emeia também entram na estrutura, e os DJs do Boteco Pratododia, Clube V.U., Rap Hour Crew, Selectora Cecyza e Novset João Paulo Gonçalves garantem o som.

 

A Van Der Ale participa mais uma vez do evento com suas criações

Di Cumê di Ciça sempre com delicias nordestinas

Di Cumê di Ciça sempre com delicias nordestinas

Uma das partes mais fofas do evento era a ação das atrizes e arte educadoras do Funil Arteiro, espaço que fica bem na entrada do beco e interage o ano todo a região. “Logo quando começamos a montar o teatro, aconteceu a primeira edição deste evento. Como aqui ficava vazio durante o dia, passamos a investir em atividades que têm tudo a ver com o bairro: arte urbana, street dance, grafite, stencil, além do livre brincar. A Barra Funda não tem muitas praças e espaço para crianças, então trouxemos esse conceito“, conta Tereza Cecília, fundadora do Teatro do Funil.

O Funil oferece atividades diariamente e, na ocupação, foi palco do momento mais fofo do dia: uma oficina de arte urbana para os pequenos. O arte-educador e grafiteiro Marcio Sick recheou ovos com tinta e as crianças pintaram uma parede inteira com diversas cores. Cada ovo atirado era uma alegria sem fim – nem os pais se seguraram e jogaram uns ovinhos por lá.

Crianças participam de oficina lúdica com tinta em ovos

Crianças participam de oficina lúdica com tinta em ovos

Novidade neste ano, rolou um abaixo assinado para a construção de um ecoponto no beco, fortalecendo também as atividades dos moradores da região. Doações de roupas e produtos de limpeza também ganharam espaço na ocupação. A partir de agora o Subcentro segue com as ações sociais de empoderamento e os agentes culturais fomentando atividades neste limite do centro de São Paulo. A nós fica a deixa para conhecer mais e melhor a região e a torcida para que mais e mais ocupações tomem conta das ruas.

Doações para a comunidade do bairro

Doações para a comunidade do bairro

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