Eram pouco mais de 7h da manhã do sábado, dia 10 de fevereiro, quando alguns foliões começavam a chegar na rua em frente ao Mosteiro de São Bento, em Olinda. Às portas da igreja histórica, que foi construída em 1599, alguns fantasiados e outros com traje mais minimalista o possível se juntavam à espera da lama.

Dia raiando no Mosteiro de São Bento
Perto das 9h da manhã chegavam os organizadores do Mangue Beat, um dos blocos que abrem o sábado de Zé Pereira na cidade, com baldes, água e argila. No meio da praça começam a mistura e as pessoas a se aproximar. “Àa 9h45 a gente começa a distribuir essa argila e 10h30 arrasta lindo e maravilhoso”, diz Jorge Percilio, integrante da diretoria do bloco, enquanto mistura a tal lama em dois tonéis.
O mini trio vem chegando tímido e se posiciona em meio aos foliões. Antes da 10h em ponto a curva que forma uma praça em frente ao Mosteiro já estava lotada. Lama liberada, quem estava em volta parte para o ataque. Uns equipados com copos de plástico para pegar um pouquinho mais, outros com óculos de natação, o objetivo era o mesmo: melar o corpo todo com a lama. Começam a tocar sucessos de Chico Science e todos cantam e dançam já enlamaçados.

A graça é melar na argila antes do bloco sair
O Mangue Beat acontece desde meados de 1996, quando foi lançado o álbum Afrociberdelia deste que é o grande homenageado do bloco. As músicas de Chico Science são a grande referência. Tocam seguidamente e são recebidas com saltos e animação de quem segue o mar de pessoas cobertas de lama. “Começou com um grupo de amigos que curtia essa cena do movimento Mangue Beat.
No Carnaval de 97, Fernando Alves e outros 3 amigos saíram com plantas do manguezal e melados de lama, em referência ao clipe Maracatu Atômico”, conta Hamlet Mendes, integrante do bloco desde meados do ano 2000.

Da esquerda para a direita, Marcos, coordenador do Mangue Beat, Jorge Percilio, diretor, Fernando Alves, presidente do bloco, e Hamlet, também da coordenação
Há uns 3 anos a batucada que acompanhava o bloco acabou e de última hora a solução foi o mini trio elétrico. Esse ano, teve mini trio e batucada, mas os dois não estavam muito próximos, até pela quantidade de pessoas. “Hoje é um pouco difícil de andar. Estão cogitando até a mudança mais uma vez o percurso para o ano que vem”, explica Hamlet. “Também tem a questão dos outros blocos que saem com carro de som, então para dar mais destaque ao som”, conta.
De fato, a música mais alta ajudava mais gente a acompanhar o som e cantar juntos as músicas ícones do movimento. “Da Lama ao Caos“, “Maracatu Atómico” e “Manguetown” provocavam saltos dos melados que acompanhavam e de quem passava na rua, se juntando à multidão. Uma grande homenagem, no melhor formato olindense: num bloco de rua, Original Olinda Style, como se diz por lá.

Foliões melam o corpo todo de lama

