Ciência

Estudo aponta palavras que formam espécie de ‘dicionário da depressão’

07 • 02 • 2018 às 22:25 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Compreender e delimitar os sintomas de um problema tão grande como a depressão – que pode se manifestar de forma bastante sutil e velada para quem vê – é tarefa praticamente impossível. Um novo estudo, porém, sugere que a depressão pode ser percebida em toda forma de expressão e experiência, da maneira que uma pessoa se move, até como ela fala e escreve – a depressão poderia ser detectada através da linguagem. Utilizando tecnologias e computadores para analisar textos, fóruns e escritas, o estudo teria encontrado uma série de palavras que estariam mais associadas com uma “linguagem da depressão”.

Juntando ensaios pessoais, diários, textos com falas do dia a dia, a pesquisa – publicada na revista Clinical Psychological Science – levantou algumas diferenças que seriam determinantes entre a linguagem de pessoas que possuem depressão. Algumas são mais diretas, como o uso frequente de termos que apontem emoções negativas, como “sozinho”, “triste” e “péssimo”. Outras, entre pronomes, são mais curiosas, como o uso de pronomes singulares em primeira pessoa, como “eu”, “mim” e “eu mesmo”.

Analisando 64 fóruns onlines ligados à depressão, o estudo percebeu – entre mais de 6 mil membros – também a forte presença de palavras que passam importância ou probabilidade – “sempre”, “nada” e “completamente”, por exemplo. O trabalho de artistas como a poeta Sylvia Plath e o compositor Kurt Cobain também foram incluídos no estudo, que abrangeu ainda uma porção de outras sugestões lexicais e usos de linguagem.


O compositor americano Kurt Cobain

É claro que trata-se de uma pesquisa inexata, impossível de se chegar a uma delimitação incontestável – afinal, é possível utilizar tais termos e palavras sem se estar deprimido, assim como é possível não utiliza-las e estar. Importante mesmo é entender e conectar-se com o que se está se sentindo, e se comunicar. Trata-se, no entanto, de um problema imenso, que assola mais de 300 milhões de pessoas pelo mundo – e possuir mais ferramentas para ajudar essas pessoas é algo fundamental.


A poeta americana Sylvia Plath

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© fotos: divulgação/Getty Images


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