Inspiração

Bel Coelho homenageia orixás no menu-degustação do Clandestino

08 • 03 • 2018 às 12:33 Gabriela Rassy
Gabriela Rassy   Redatora Jornalista enraizada na cultura, caçadora de tendências, arte e conexões no Brasil e no mundo. Especializada em jornalismo cultural, já passou pela Revista Bravo! e pelo Itaú Cultural até chegar ao Catraca Livre, onde foi responsável pelo conteúdo em agenda cultural de mais de 8 capitais brasileiras por 6 anos. Roteirizou vídeo cases para Rock In Rio Academy, HSM e Quero Passagem, neste último atuando ainda como produtora e apresentadora em guias turísticos. Há quase 3 anos dá luz às tendências e narrativas culturais feministas e rompedoras de fronteiras no Hypeness. Trabalha em formatos multimídia fazendo cobertura de festivais, como SXSW, Parada do Orgulho LGBT de SP, Rock In Rio e LoollaPalooza, além de produzir roteiros, reportagens e vídeos.

Uma semana por mês, ou conforme novas inspirações e projetos surgem, Bel Coelho abre as portas do Clandestino. Com menus-degustação que funcionam de 12 a 15 tempos, com pequenos pratos e bocados, o pequeno espaço recebe até 24 pessoas a cada noite, sempre com reserva antecipada. A faxada não é chamativa e não leva placa do restaurante. O que se vê bem é a cozinha, toda aberta e com porta de vidro. Quem passa pelo lugar acompanha a equipe nos pré-preparos dos jantares.

Bel Coelho, à frente do Clandestino

Bel Coelho, à frente do Clandestino

Bel é um dos grandes exemplos de mulheres que se destacam na gastronomia profissional – ambiente antes dominados por homens. “A mulher era presente e bem vinda na cozinha de casa. Na cozinha profissional o homem imperava até o século XX. Essa marca é ainda muito forte, mas vem mudando graças a consciência da sociedade e luta das mulheres”, diz a chef.

Dentro dos menus que oferece, tema dos Orixás não é de hoje, apesar das inspirações mudarem com o tempo e alguns pratos serem reinventados. “Frequento alguns terreiros mas não sou filha de santo. Fiz pesquisa através de livros e relatos de que pessoas que são do santo”, explica Bel. A decoração do lugar também entra na referência. Ilustrações de cada um dos orixás homenageados estão nas paredes e no menu.

As obras do salão são de Paulo Ribeiro e retratam cada um dos oxirás

As obras do salão são de Paulo Ribeiro e retratam cada um dos oxirás

 

Contracapa do menu com todos os orixás reunidos

Contracapa do menu com todos os orixás reunidos

Na seleção dos produtos, tudo depende da pesquisa e da sazonalidade dos ingredientes, já que tudo é orgânico com preferência para os pequenos produtores. O preço da experiência? R$ 310 ou R$ 480, se harmonizado com sete taças de vinho e duas cervejas.

Ali, come-se muito bem. Muito mesmo. Eu, por mais que não seja a melhor referência de ‘boa de garfo’, não consegui comer tudo. Tudo começa com pequenas porções, que vão ficando maiores com o passar da sequência de pratos. De um cubo de cupim preparado como carne de sol e cozido por 72 horas, até o quiabo crocante, passando pelo bombom de sarapatel com jabuticaba até chegar ao acarajé de feijoada, provamos somente os bocados.

O cubo de cupim reinando

O cubo de cupim reinando

Uma fina camada de gelatina de jabuticaba envolve o bombom de sarapatel

Uma fina camada de gelatina de jabuticaba envolve o bombom de sarapatel

Nos pratos, muitos sabores e sensações, ora da terra, ora do fogo, ora da água. O surpreendente creme de cogumelos com farofa de milho vermelho, pinhão e nibs de cacau homenageia Oxóssi e o creme de batata doce e gerânio, o sabor mais diferente do cardápio, é para Oxumaré. Dos pratos mais robustos, o vinagrete de feijão fradinho com camarão grelhado e molho de coco e gengibre foi feito para Iansã. Já o pintado defumado com purê de banana da terra, tucupi e flor de jambu, absoluto e incrível, é  ofertado a Logunedé. Xangô, orixá da justiça, dos trovões e das pedreiras, ganhou um arroz de rabada.

O delicado creme de batata doce

O delicado creme de batata doce

Conserva de maxixe para Ossaim

Conserva de maxixe para Ossaim

O camarão para Iansã

O camarão para Iansã

Os sabores da terra

Os sabores da terra

Esse pintado daria pra comer pela vida inteira

Esse pintado daria pra comer pela vida inteira

Pensando em Yemanjá, a espuma de canjica com pérolas de coco e raspadinha de uva e romã – as frutas férteis. Dos preferidos de muitos que passaram por lá, o prato para Oxum trazia banana ouro coberta com uma camada de gelatina de mel, servida com creme de requeijão mineiro e sorvete de gema. O clássico araçá para Oxalá chegou acompanhado da jujuba de bacuri para a criança Ibeiji, da telha de pipoca para Omolu e do bombom de chocolate branco com lavanda para Ewá. Tudo acompanhado de um café coado da Fazendo Ambiental de Fortaleza.

A sobremesa campeã do menu

A sobremesa campeã do menu

O tema dos orixás vai e volta, assim como outros menus que Bel já apresentou por ali. O próximo será em maio, com o tema “Da Terra ao Prato”. Os pratos devem explorar somente o universo vegetal. O menu dos “Biomas” e o “Herança Portuguesa”, também conhecidos da casa, voltam depois no segundo semestre desse ano.

Para saber das próximas datas, fique de olho nas redes da Bel Coelho e do Clandestino.

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