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Poucos artistas brasileiros descreveram melhor os encantos da Bahia, especialmente da cidade de Salvador, do que Dorival Caymmi. Nascido na capital baiana em 1914, Caymmi viveu e falou sobre uma Bahia novecentista, que há pouco adentrara o século 20 e ainda com fortes traços da época colonial.
Acompanhado de seu violão, o cantor e compositor escreveu versos sobre a cultura negra e imortalizou lugares como a Lagoa do Abaeté, um dos pontos mais famosos de Itapuã. Pois é deste importante bairro soteropolitano, em tupi pedra erguida, que surge um grupo de mulheres atuantes em prol da defesa da cultura popular baiana e do Brasil.
“Coqueiro de Itapoã, coqueiro
Areia de Itapoã, areia
Morena de Itapoã, morena
Saudade de Itapoã me deixa”.
(Dorival Caymmi — Saudade de Itapuã, de 1954)
Tudo começa em 2004 nos terreiros de Dona Cabocla e Dona Mariinha, que assim como outras muitas casas de Candomblé espalhadas pelo país, atuam como verdadeiros centros de preservação e fomento da cultura afro-brasileira.
As Ganhadeiras de Itapuã reúnem o que há de mais precioso na cultura negra baiana e brasileira
Incentivadas pelo desejo de manter viva a cultura de Itapuã estas mulheres, habituadas a sempre se juntar para conversar sobre os costumes antigos do lugar, resolveram criar um grupo que transformasse em música as infinitas memórias divididas nos quintais de Dona Cabocla e Mariinha. Nasceu assim o conjunto As Ganhadeiras de Itapuã.
Formado por 10 crianças, seis músicos, estes que tocam instrumentos de corda e percussão e mais 17 senhoras — cantadeiras, lavadeiras e ganhadeiras, o grupo tem repertório baseado em cantigas e sambas de roda. Profundas conhecedoras das diferentes realidades de Itapuã, lugar que sofreu diversas transformações ao longo do tempo, estas senhoras cantam aos quatro ventos suas experiências de vida, a rotina das vendedoras de acarajé e um universo de uma gente que não se cansa de louvar e festejar a vida. O resultado é uma viagem para os coqueiros, cajueiros e cambuis, fazendo com que se sinta sol quente e a brisa do fim de tarde das praias de Itapuã e da Lagoa do Abaeté. Poesia pura.
Criado há pouco mais de 10 anos, As Ganhadeiras de Itapuã possui uma história que remete para o fim do século XIX e início do século XX. Naquele tempo Itapuã era uma vila de pescadores e as ganhadeiras, algumas católicas, outras espíritas ou seguidoras do Candomblé, lavavam suas roupas nas praias e compravam peixes de pescadores locais, os preparavam para em seguida vender. Por conta da falta de estradas — afinal falamos de uma Bahia que tal como nas músicas de Caymmi muito tinha ainda do Brasil colonial, as mulheres faziam todo o trajeto a pé – equilibrando seus balaios até o centro da cidade de Salvador para garantir o sustento da família.
As Ganhadeiras cantam a rotina das vendedoras de acarajé e uma gente que não se cansa de festejar a vida.
Desde sua formação em 2004, As Ganhadeiras de Itapuã já tiveram o trabalho reconhecido por diferentes setores da cultura brasileira, sendo agraciadas como Prêmio Culturas Populares — Mestre Duda 100 Anos de Frevo, concedido pelo Ministério da Cultura, além do reconhecimento como uma das iniciativas exemplares das culturas populares do Brasil.
Recentemente, a banda lançou um disco homônimo que em 13 músicas reúne o que há de mais precioso na cultura negra baiana e brasileira: Candomblé, a importância da presença e liderança feminina, o amor pela natureza e crianças e por aí vai. O trabalho conta com as participações especiais de Maragareth Menezes, Mariene de Castro e Guilherme Arantes e foi contemplado na 26ª edição do Prêmio da Música Popular Brasileira na categoria Melhor Grupo e Melhor Álbum Regional, em cerimônia realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Valorização da identidade cultural e fortalecimento das tradições de festas populares do bairro de Itapuã e a celebração da diversidade cultural que marca o povo chocolate mel do Brasil são os pontos de partida de As Ganhadeiras de Itapuã, patrimônio da Bahia e de todos os brasileiros. Um viva para estas guerreiras!
Visite o site oficial do grupo para saber mais e adquira o disco de As Ganhadeiras de Itapuã.
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