O Hypeness foi convidado para explorar os cenários da nova supersérie “Onde Nascem os Fortes“, no Sertão da Paraíba.
Além da oportunidade de conhecer lugares incríveis, fomos surpreendidos por um fato inusitado: dois dias antes da nossa visita, um raro acontecimento envolveu toda a região.
Após 7 anos, a chuva veio. E a natureza respondeu depressa. O verde se destacava. Dos galhos secos brotavam flores novas. Rios voltavam a correr. O clima era de felicidade. E de alívio também, é claro.




“Hoje, vocês estão tendo a oportunidade de ver algo único: um sertão rochoso, pedregoso. Vocês estão tendo a bênção de ver essa paisagem com chuva. Aqui, o nível pluviométrico é baixíssimo, mas este ano está chovendo bastante, graças a Deus. A última chuva na região foi em 2010. A gente estava sobrevivendo com o uso de cisternas, era difícil. Agora, com a transposição do Rio São Francisco, a vida melhorou muito.”
A fala aí de cima é do Ribamar Farias, o guia turistico mais antigo do Sertão do Cariri Pernambucano. Seus pais trabalhavam com carvão para sustentar os filhos. “Onde Nascem os Fortes representa muito a minha vida, porque era um passado muito pobre, de resistência, sabe? Até 2000, nossa vida era muito difícil aqui”, conta.



Histórias de superação como a de Ribamar são comuns entre os habitantes da região de Lajedo de Pai Matheus. Um povo formado pela fusão cultural: nativos indígenas, colonizadores portugueses e africanos trazidos como escravos. Sua população é rural, pobre, em grande parte analfabeta. Porém, escreveu boa parte da história do nosso país e até hoje guarda paisagens fascinantes.
Por isso mesmo que a regiao foi escolhida para a nova supersérie da Globo “Onde Nascem os Fortes”. A equipe rodou sequências em Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro, mas é na Paraíba, em Lajedo de Pai Mateus, uma elevação rochosa no município de Cabaceiras, que foi montada a base para o projeto. Lá estão elenco e toda a equipe, em uma instalação que possui desde camarins até ilha de edição. Alguns locais de filmagens são de difícil acesso. Mas vale o esforço. São lugares incríveis, de tirar o fôlego. Em todos os sentidos.
Montanha de Lajedo de Pai Matheus
Começando pelas próprias rochas e um horizonte infinito de Lajedo, que provoca uma impressão meio que planetária. O local é considerado raro, por ter formações geológicas especificas, encontradas em apenas três lugares da Terra: no Brasil, África e Austrália. Cada pedra ali tem uma beleza própria. Mas uma delas é a mais famosa, a Pedra do Capacete, considerada a primeira maravilha natural da Paraíba.

Pedra do Capacete

Catioro
Natureza e cenografia também entram em harmonia. Vale destacar essa enorme oca com 50 metros de profundidade e 8 de altura que foi construída a partir de PVC reciclado. “O grande desafio era construir algo que se fundisse com o cenário natural, com as pedras do lajedo, sem criar um estranhamento na paisagem. Nos baseamos na obra do arquiteto finlandês Marco Casagrande, que usa o bambu nas nas construções, mas optamos por usar cano de PVC reciclado por ser mais ecologicamente correto”, conta o cenógrafo André Gomes.


O ator Irandhir Santos em cena
Fomos ainda visitar a região de Boa Vista, numa fábrica de bentonita, nome dado a uma espécie de mistura de argilas. “Bentonita é um material vulcânico. De acordo com a geologia, há 22 milhões de anos aconteceu um vulcão na região, que matou um rio, com isso formou-se a argila usada aqui na fábrica” conta um dos responsáveis pelo local. A bentonita tem diversas funções, como por exemplo sua utilização em materiais de construção, na indústria petrolífera e também na produção de vinho.


Uma das etapas da produção de bentonita.

Região de Boa Vista
Ribamar estava certo. Foi mesmo um privilégio conhecer aquele lugar. Alimentar a alma, saborear com olhos com aquelas cores vibrantes. Não há dúvidas: o que os faz tão fortes é o próprio sertão, um lugar harmônico, sonoro, poético. “Sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o lugar” disse um dia Guimarães Rosas.
Ser tão encantador, ser tão privilegiado. Ser tão único. É isso que faz do nosso sertão especial. Ser tão brasileiro. Ser tão forte quanto aqueles que nascem neste lugar.


Cabaceiras

Repórter Rafael Oliver
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