Inspiração

Hamburgueria dispensa currículos e aposta em olho no olho: ‘Queremos pessoas de verdade’

02 • 04 • 2018 às 10:35
Atualizada em 03 • 04 • 2018 às 20:11
Kauê Vieira
Kauê Vieira   Sub-editor Nascido na periferia da zona sul de São Paulo, Kauê Vieira é jornalista desde que se conhece por gente. Apaixonado pela profissão, acumula 10 anos de carreira, com destaque para passagens pela área de cultura. Foi coordenador de comunicação do Projeto Afreaka, idealizou duas edições de um festival promovendo encontros entre Brasil e África contemporânea, além de ter participado da produção de um livro paradidático sobre o ensino de África nas Escolas. Acumula ainda duas passagens pelo Portal Terra. Por fim, ao lado de suas funções no Hypeness, ministra um curso sobre mídia e representatividade e outras coisinhas mais.

Algumas vezes o Hypeness falou sobre o crescente número de desempregados no Brasil. Com um aumento de mais de 12% entre os anos de 2016 e 2017, cerca de 12 milhões de pessoas estão procurando uma oportunidade.

Efeito de um grande número de pessoas capacitadas no mercado, a disputa por um posto está cada vez mais acirrada. Aliás, não é nada fácil conseguir enviar um currículo nos dias de hoje, pois com o avanço das ferramentas tecnológicas, muitos sites exigem o pagamento de uma mensalidade para que seja possível visualizar a vaga.

Pensando nesta série de obstáculos, uma hamburgueria de Vila Velha, no Espírito Santo, resolveu mudar sua tática, trocando o e-mail pelo bate-papo olho no olho.

A hamburgueria entrevistou mais de 5 mil pessoas

“Do rapazinho que fez em uma folha de caderno por não ter dinheiro para imprimir seu currículo, à senhora que se encontra há 5 anos sem trabalhar porque segundo ela, ninguém a contrata porque perdeu os dentes. Todos foram entrevistados,” escreveu Rick em um longo texto publicado na sua página do Facebook.

Sucesso absoluto, a iniciativa bombou nas redes sociais e até a publicação desta reportagem tinha mais de 58 mil curtidasQuem já participou de um processo seletivo sabe que muitas vezes exige-se mundos e fundos do candidato, que se vê obrigado a passar por diferentes fases, sendo que muitas vezes não recebe sequer um retorno da empresa. Ao ouvir o depoimento negros e gays, por exemplo, percebe-se uma prática comum em muitos processos seletivos, a discriminação.

“Não queremos os melhores, eu quero gente de verdade. Gay, lésbicas, ex presidiários,idosos , gordinhos, altos, baixos todo mundo é igual e bem-vindo aqui,” ressalta.

Ao todo, a Rick’s Burguer entrevistou 5 mil pessoas para 70 vagas de emprego, em um processo seletivo superior a 15 horas e que atendeu todos os que levaram seu currículo pessoalmente.  Um ato de humanismo em sua essência, a atitude de Rick deixa uma mensagem importante, é preciso que as pessoas não se prendam apenas ao que de ruim acontece nas redes sociais. Há muitos exemplos positivos para se agarrar.

“Poderíamos fazer uma mega entrevista com cada um? Sim. Mas me diga, será que todos ali teriam condições emocionais de passar por um processo seletivo de dias, com provas, dinâmicas e afins? Deprimente é entrevistar uma menina simpática e linda, que começou a chorar porque não consegue seu primeiro emprego porque segundo ela: falaram que ela é gorda demais para usar o uniforme da empresa.”

 

Publicidade

Foto: Reprodução/Facebook


Canais Especiais Hypeness