Inspiração

Mulher trans relata emoção ao ser acolhida por avó e padrasto: ‘Olhos pingando’

16 • 04 • 2018 às 10:29 Tuka Pereira
Tuka Pereira Jornalista há mais de uma década e 'escrevinhadora' há muito mais tempo, Tuka Pereira aborda feminismo a gatinhos fofos com a mesma empolgação. Se existe algo que gosta mais do que escrever é carimbar o passaporte. Já esteve em boa parte do mundo e todo dinheiro que ganha gasta em viagens.

Falar sobre transição de gênero ainda é encarado como um grande tabu pela sociedade e por conta disso não se fala livremente a respeito. Sendo assim, quando Karen Maria Reis, natural da pequena Colatina, no Espírito Santo, surgiu como uma mulher trans pela primeira vez, achou que teria dificuldades para lidar com sua família. No entanto teve uma grande surpresa.

Em um post no Facebook, ela contou sobre o momento e fez uma linda declaração de amor ao padrasto, Seu Reinaldo, e à avó, Lourdes. Na publicação, que viralizou e foi curtida mais de 23 mil vezes,  ela falou como se sentiu acolhida e sobre como eles jamais a trataram com nenhum tipo de preconceito, mesmo sem nenhum conhecimento em relação às questões de gênero e sexualidade.

Ela ainda descreve a naturalidade com que Seu Reinaldo e Dona Lourdes se referem a ela por pronomes femininos e sobre como ela pôde perceber que uma pessoa que realmente ama a outra a aceita como ela é verdadeiramente.

Confira o emocionante post de Karen Maria e veja o original aqui:

“Tá vendo esse senhor atrás de mim? É o tio Reinaldo, meu padrasto. Não tem um laço de sangue comigo, mas cuidou de mim durante 10 anos de minha vida. É um senhor fechado, bruto, o famoso velho ranzinza. Mas pergunta se ele AO MENOS gaguejou pra me chamar no feminino ou de Karen? NENHUMA VEZ. É um senhor de 73 anos, que não conhece nada de militância, de gênero e pitititi popopô, mas foi só minha irmã dizer que eu na verdade sou uma mulher pra ele dizer: “Ah mas eu já sabia, se não fosse gay, seria isso mesmo”, e foi o bastante pra ele me respeitar. E durante minha estadia aqui em Colatina, não teve uma vez em que ele fosse em algum lugar, que não me chamasse pra ir junto, sem nenhum constrangimento, ou vergonha de estar andando comigo, vergonha essa que meu próprio pai, que divide meu sangue, deixa claro que tem. Então gente, acreditem quando dizem que PAI É AQUELE QUE CRIA!

Agora estão vendo essa véia do meu lado? É minha vovó. Uma mulher de riso solto, e costumes antigos, mas ontem quando cheguei, na casa dela (com receio da reação, já que a última vez que nos vimos eu não tinha transicionado ainda), ela me deu um abraço e disse: “Cê tá BOA minha filhA, agora é boa que se fala né? Ô Tereza, olha quem tá aqui, a Maria”. Na hora eu não soube reagir, mas agora escrevendo meus olhos tão pingando. As vezes tomamos umas porradas da vida mas é apenas pra nos mostrar quem nos ama de verdade e quem nos ama com poréns. Por isso não acredito nesse papo de “É COISA DA IDADE”, se uma pessoa te ama, ela te ama independente de qualquer coisa. Queria que muitos pais e avós aprendessem com meu padrasto e minha vó. Inclusive o meu pai. Mas tudo em seu tempo né.”

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Imagens: Reprodução


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