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Quanto você gasta para completar o álbum da Copa do Mundo? Spoiler: É muito!

27 • 04 • 2018 às 10:35
Atualizada em 06 • 06 • 2018 às 12:02
João Vieira
João Vieira Com seis anos de jornalismo, João Vieira acredita na profissão como uma ótima oportunidade de contar histórias. Entrou nessa brincadeira para dar visibilidade ao povo negro e qualquer outro que represente a democracia nos espaços de poder. Mas é importante ressaltar que tem paixão semelhante pela fofoca e entretenimento do mais baixo clero popular.

O álbum da Copa do Mundo da Panini sempre atrai colecionadores durante os meses que antecedem o evento esportivo, mesmo que estes não sejam fãs de futebol. Em 2018, não está sendo diferente.

O mundial de seleções acontece na Rússia, entre junho e julho, com presença do Brasil, como tem sido em todas as 20 edições já realizadas do torneio. Comandada por Tite e com Neymar como principal estrela, a Seleção vai em busca do hexa após o vexame de 2014, quando jogou em casa e caiu na semi-finais para uma impiedosa Alemanha, que aplicou o já histórico 7 a 1.

Mas vamos voltar para a coleção de figurinhas que é melhor para a nossa saúde, né?

Todas as seleções estão representadas com jogadores que devem vestir a camisa dos países na Copa, em uma estimativa que raramente se concretiza por completo, uma vez que a convocação final acontece bem depois do lançamento do álbum. Além disso, existem figurinhas retratando algumas características da sede, outras especiais e, ainda, as raras. Os cromos são vendidos em pacotes, com quatro figurinhas em cada, pelo valor de 2 reais. Quanto mais você compra, maior fica a chance de receber algumas repetidas.

Quanto custaria, então, para completar esse álbum?

Nós conversamos com alguns matemáticos e especialistas em números, que nos apresentaram diversos cenários para tentar cobrir o maior número possível de situações. Um deles foi Felipe Carlo, formado em Ciência da Computação e responsável pela área de Data Analytics da startup DogHero.

Felipe criou um programa em phyton que calculou a quantidade de figurinhas que uma pessoa ia precisar para completar o álbum todo. “Considerando que as figurinhas são totalmente aleatórias, o programa basicamente gera números aleatórios que seriam similares ao número da figurinhas e vai adicionando a uma lista, que seria similar ao álbum”, destacou ele. Ao todo, a ferramenta rodou o teste 10 mil vezes para produzir alguns cenários.

Caso o colecionador resolva completar o álbum inteiramente sozinho, sem realizar qualquer troca de figurinhas, ele precisaria de, aproximadamente, 920 pacotinhos. O resultado seria um investimento de cerca de 1840 reais. “Obviamente esse é o cenário mais irreal, visto que as pessoas realizam trocas”, lembrou Felipe.

Simulando trocas, ele desenvolveu um cenário onde a pessoa complete 80% do álbum sozinha e troque os 20% restantes. Nessa situação, seriam necessários 209 pacotinhos, gerando um custo de aproximadamente 418 reais.

Em uma terceira situação, onde o colecionador completa 70% do livro por conta própria e troque o restante, seriam necessários cerca de 157 pacotes, com um gasto de 314 reais. Nesse cenário, ele acabaria a missão com 133 repetidas.

“Estes dois últimos cenários parecem ser os mais próximos da realidade, visto que considera a necessidade de troca, que é um dos principais componentes do problema”, disse ele.

Tabela de controle: coleção segura 

O professor de matemática Adolfo Vianna, do Rio de Janeiro, desenvolveu uma tabela que o permitiu ter controle absoluto de todo o investimento feito no álbum da Copa do Mundo. Ele realizou trocas durante todo o processo e, agora, faltando apenas 19 cromos e com 142 repetidas em mãos, ele encerrou os gastos em 322 reais e vai finalizar a coleção negociando com outros colecionadores.

“A planilha que elaborei ajudou bastante, já que, com ela, pude medir, por exemplo, o número de cromos inéditos por real gasto, e o quanto esse valor se aproximava do máximo possível, e avaliar também em que bancas de jornal as compras de pacotes de figurinhas traziam mais aproveitamentos (que é como costumo chamar as figurinhas que ainda não possuo)”, disse ele

“Em verde claro: consegui trocando; em verde escuro: consegui comprando. Número sobre fundo branco: ainda não tenho o cromo correspondente…”, explica Adolfo.

O matemático elaborou o percentual do quão eficaz foram as trocas realizadas

Além disso, o professor também fez um diário de bordo para controlar o valor investido e o número de figurinhas originais e repetidas em cada pacote comprado. Foram 391 figurinhas adquiridas “na raça”, comprando os pacotes na banca.

O diário de bordo do Adolfo

Os valores apresentados representam situações particulares que podem se alterar de acordo com cada condição. 

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Fotos: imagem 1: Giphy/Reprodução; foto 2: Divulgação; imagem 3: Giphy/Reprodução; foto 4: Arquivo pessoal; foto 5: Arquivo pessoal; foto 6: Arquivo pessoal.


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