As empresas que desejam obter destaque em um mercado cada vez mais competitivo precisam abraçar a diversidade. Com o aumento do acesso de homens e mulheres negras aos instrumentos de informação e sobretudo aos bancos das universidades brasileiras, algumas das trincheiras geradas pelo racismo estão ruindo.
Em um setor como o publicitário a urgência para uma presença maior de profissionais negras e negros é ainda mais sensível. Afinal, como uma agência pode falar sobre produtos para o cabelo crespo, por exemplo, sem a participação de um único funcionário de pele preta?
Visando sanar esta deficiência, que deve incluir indígenas e a população LGBT, a Artplan – HUB de soluções de comunicação para seus clientes e a terceira agência mais bem avaliada pelos mesmos, acaba de criar um processo de seleção às cegas. Trata-se de se um novo método de seleção que pretende alterar drasticamente a escolha dos candidatos.

A diversidade é condição indispensável para o sucesso
Idealizado em parceria com o EMPREGARE.com, a iniciativa que conta com participação do Comitê de Diversidade da Artplan, retira da caderneta de exigências curriculares informações vistas como desnecessárias. Empresas que exigem o envio de fotografia, informações sobre o número de filhos ou bairro de residência muitas vezes utilizam estes dados como ferramenta de exclusão.
Falando ao Hypeness Flávia Campos, Diretora Geral de Planejamento da Artplan em SP e líder do Comitê de Diversidade da companhia, ressalta o caráter inovador da ação. “A diversidade é muito importante para nós, tanto como empresa, na obtenção de um ambiente e mercado de trabalho mais saudável e justo, quanto como criadora e disseminadora de conteúdo e ações de mídia que impactam os públicos de nossos clientes”.
Segundo Flávia a Artplan, que possui cerca de 360 colaboradores distribuídos nos escritórios da capital paulista, Rio de Janeiro e Brasília, enxerga o plano como decisivo para a prosperidade e sucesso de negócios futuros.
“A Seleção às Cegas é parte fundamental de um amplo plano que estamos construindo para termos uma agência mais representativa, inclusiva, respeitosa e livre de preconceitos, de forma que acompanhe as demandas de uma sociedade cada vez mais consciente e que se posiciona na vanguarda por uma comunicação mais representativa e livre de preconceitos”, pontua.

É preciso romper com o padrão heteronormativo e que privilegia o homem branco
Para garantir a recepção do recrutador dos candidatos sem informações discriminatórias, a Artplan ao lado a EMPREGARE.com desenvolveu uma espécie de selo abrindo uma via para outras empresas interessadas em seguir o exemplo da agência. Mesmo em vigência há pouco mais de um mês, o Seleção às Cegas está gerando expectativas positivas.
“O projeto ainda é recente, iniciado no final de maio, mas prevemos ampliar a variedade de perfis de candidatos em etapas mais avançadas dos processos de seleção da agência. Este método de contratação surgiu na Europa como política pública e tem se espalhado pelo mundo, com resultados expressivos. No entanto, no Brasil, infelizmente é um assunto muito pouco abordado pelas companhias. Queremos liderar esta mudança no mercado publicitário”, avalia a Diretora Geral da Artplan Flávia Campos.
Inédito no Brasil, o sistema surgiu na Europa como política pública e desde então se espalhou mundo afora. Na França existe inclusive uma lei obrigando companhias com mais de 50 funcionários a adotarem o recebimento do currículo às cegas.
“É muito gratificante trazer esse processo de seleção para o mercado publicitário. Nosso time de Gestão de Pessoas dará o suporte necessário para que todo o processo funcione como planejamos. É uma forma de inclusão muito mais justa e que irá ampliar o nosso leque de opções, além de tornar nosso ambiente de trabalho ainda mais saudável e diverso”, afirma Rodolfo Medina, presidente da Artplan.